1º Evangelho - Mateus
Autor:
Mateus
Data:
50-70 d.C do livro
Alvo:
Judeus
Local:
Antioquia da Síria
Grupo:
Evangelhos Sinóticos
Propósito: Mateus
tem a intenção de provar aos judeus que Jesus Cristo é o Messias prometido.
Mais do que qualquer outro evangelho, Mateus cita o Antigo Testamento para
mostrar como Jesus cumpriu as palavras dos profetas judeus. Mateus descreve em
detalhes a linhagem de Jesus desde Davi e usa muitas expressões familiares aos
judeus. O amor e preocupação de Mateus por seu povo é visível através de sua
abordagem minuciosa de contar a história do evangelho.
“Não penseis que vim revogar a Lei ou os
Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir.”
(Mt 5:17)
1
- Introdução
O Evangelho
de Mateus é uma excelente introdução aos ensinamentos fundamentais de Cristo. O
estilo lógico do esquema facilita a localização das discussões de vários temas.
Mateus teve a intenção de provar aos judeus que Jesus Cristo é o Messias
prometido, mais do que qualquer outro evangelho, citando o Antigo Testamento
para mostrar como Jesus cumpriu as todas as profecias.
Mateus
descreve em detalhes a linhagem de Jesus desde Davi e usa muitas expressões
familiares aos judeus. Seus compatriotas judeus eram o público alvo de Mateus,
e muitos deles -- especialmente os fariseus e saduceus -- teimosamente
recusaram-se a aceitar Jesus como seu Messias, apesar de séculos lendo e
estudando o Antigo Testamento, seus olhos estavam cegos para essa verdade. Afinal,
eles queriam um Messias em seus próprios termos, uma pessoa que cumprisse os
seus próprios desejos e fizesse o que eles quisessem.
2
- Sobre o Autor
Mateus foi um dos doze discípulos
de Cristo e o autor do primeiro dos três evangelhos sinóticos (sin+óticos = um jeito
semelhante de olhar), os outros dois são de
Marcos e Lucas. No Evangelho, Mateus apresenta Jesus com o título de Emanuel,
que significa “Deus está conosco”.
Mateus, também chamado de Levi,
é filho de Alfeu conforme os Evangelhos de Marcos e Lucas (Marcos 2,14; Lucas 5, 27) que
antes de ser chamado para seguir Jesus, era um coletor de impostos do povo hebreu, por ordem de Herodes Antipa e,
estava alocado, em Cafarnaum, uma cidade marítima no mar da Galileia, na
Palestina.
Seu primeiro contato com Jesus
se deu enquanto estava trabalhando: “saindo daí, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coleteria
de impostos, e lhe disse”: “siga-me!” Ele se levantou e seguiu Jesus (Mateus 9,
9). Depois, Mateus
preparou, em sua casa, um grande banquete para Jesus.
“Estava aí uma numerosa multidão de cobradores de impostos e outras pessoas,
sentadas à mesa com eles.” (Lucas 5, 27-29).
Como
cobrador de impostos, Mateus tinha uma habilidade que o tornava capaz de
escrever em uma forma de taquigrafia, isto significa que Mateus podia gravar as
palavras de uma pessoa detalhadamente, palavra por palavra. Essa capacidade nos
garante uma transcrição real de alguns dos sermões de Cristo. Por exemplo, o
Sermão da Montanha, registrado nos capítulos 5-7, seria uma descrição perfeita
de todas as palavras de Jesus.
O nome de Mateus aparece sempre
na relação dos 12 primeiros discípulos de Cristo, geralmente ao lado de Tomé.
Apóstolo e Evangelista, segundo a tradição, Mateus pregou pela Judeia, Etiópia
e Pérsia.
Da sua atividade após o
Pentecostes, conhecemos somente as páginas do seu Evangelho, primitivamente
redigido em aramaico, denominado de “Primeiro Evangelho”.
Seu evangelho é organizado em
“cinco partes”, cada um contendo uma parte narrativa seguida de um discurso,
que reúne e explica o que está contido nas narrativas.
Mateus morreu na Etiópia, apunhalado
pelas costas e decapitado. Seu corpo teria sido transportado para Salermo, na
Itália.
3 – Mateus Também é Chamado
de Levi?
Como o nome “Levi”
não é mencionado em nenhuma das listas de discípulos de Jesus é amplamente aceito que Mateus
e Levi tenham sido a mesma pessoa.
Nos Evangelhos de
Marcos (cap. 2:14) e Lucas (cap. 5:27), lemos que Jesus ordenou que Levi o
seguisse, numa descrição muito semelhante ao registro do Evangelho de Mateus 9:9 onde o apóstolo foi
convocado.
Entendendo então que Levi e
Mateus são as mesmas pessoas, logo somos informados de que ele era filho
de Alfeu (Mc 2:14).
Sabemos também que
Tiago, outro apóstolo de Jesus, também era filho de Alfeu. No entanto, não há
informações necessárias para que possamos afirmar que se tratava do mesmo Alfeu
e, consequentemente, que
Tiago e Mateus foram irmãos.
Ainda sobre sua dupla
designação (como Levi e Mateus), existe a chance de que seu nome principal era
Levi, mas que depois de se tornar apóstolo de Jesus, ele preferiu ser chamado
por outro nome, no caso Mateus, tal como Simão Pedro também o fez.
4
- Divisão do Livro
Apologético - apresenta defesa do evangelho diante do
judaísmo.
Doutrinal - com destaque para os ensinamentos de Cristo.
Narrações breves – Os fatos narrados são poucos e sucintos, já que a
doutrina tem prioridade.
Sem ordem cronológica – O livro não apresenta fatos e ensinos na ordem
em que ocorreram ou foram ditos. A ordem só é seguida em parte: no início do
livro (nascimento, batismo, tentação) e no final (última semana, morte,
ressurreição e ascensão). No meio, as parábolas, milagres e ensinamentos não se
encontram ordenados cronologicamente.
Organização temática – Mateus apresenta um arranjo temático em seu
conteúdo. Os ensinamentos são reunidos em cinco grandes blocos. As parábolas e
os milagres também são organizados convenientemente.
Escrito para um público religioso:
Ele demonstra claramente que os judeus tinham prioridade no ministério
de Cristo (Mt.15.24;10.6), mas mostra também a
perda do espaço para os gentios, que vão dominando a cena. Mateus começa
mencionando os magos no capítulo 2. Eles eram gentios e foram presentear o
menino Jesus, enquanto que os judeus que serviam a Herodes não se dirigiram a
Belém, embora estivessem bem informados sobre o local onde o Messias haveria de
nascer. Finalmente, Mateus cita a ordem de Cristo de se pregar o evangelho e se
fazer discípulos em todas as nações. (Mt.4.15; 8.10-12;
12.18-21; 21.42-34; 28.18-20.)
Mateus é
o único evangelho a apresentar a palavra igreja (3x) (16.18
e 18.17).
O evangelho de Mateus contém 6 discursos de
Cristo: Mt.5-7; 10; 13; 18; 23; 24-25.
Contém 15 parábolas (10 exclusivas). Um
dos efeitos das parábolas é a fixação do ensinamento. Isto quando o mesmo é
compreendido. Trata-se então de um recurso didático. Aliás, tal propósito
encontra-se subjacente a muitos elementos e práticas do judaísmo e do cristianismo.
As festas judaicas continham propósito didático. O mesmo acontece com a ceia e
o batismo, embora seu sentido e objetivo não esteja restrito a esse
propósito.
Mateus narra 20 milagres (3 exclusivos). Embora
o número seja grande, as narrativas são resumidas.
Mateus apresenta Jesus como Rei. Tal propósito
já se nota na apresentação da genealogia. A expressão "Filho de Davi"
ocorre 9 vezes no livro. A palavra reino aparece 55 vezes.
Seu Manifesto - Jesus vem a
público apresentar as propostas do seu reino. Assim como Moisés recebeu no
monte Sinai as leis da antiga aliança, Jesus também sobe ao monte e promulga a
lei do reino. Não há nada de estranho
falar em lei no Novo Testamento, o próprio Paulo usou a expressão "Lei de
Cristo" (Gálatas 6.2).
Seus mandamentos atingiam o interior do homem, enquanto que a lei
mosaica se aplicava ao exterior. Moisés proibia o homicídio, enquanto Jesus
falou do ódio contra o próximo, indo mais fundo.
Como disse João Batista: "O machado está posto à raiz das árvores." (Mt.3),
pois no Novo Testamento, Deus atinge a raiz do pecado no coração humano.
Encontramos em Mateus o constante confronto entre questões exteriores e
interiores. A religiosidade judaica, constituída de rituais exteriores, é
permanentemente confrontada pelos ensinamentos de Cristo, não exatamente para
condenar os aspectos exteriores, mas para mostrar o vazio interior daqueles
religiosos. Jesus veio levar o povo de Deus de um estágio superficial para um relacionamento
de intimidade com o Senhor. Ao invés da idéia de um Deus distante, Jesus nos
ensinou a chamar o Senhor de "Pai nosso". Vejamos uma relação dos
elementos apresentados no texto e que mostram esse confronto:
5 –
Contexto Histórico do Livro
Certamente, o judaísmo que Jesus conheceu não
possuía um “rosto” único, mas, estava constituído por facções, “seitas” ou
partidos, cada um dos quais oferecia um “rosto” distinto e alegava encarnar o
autêntico “ser judeu”.
Em meio a essa diversidade, quatro grupos ganharam
especial destaque: os saduceus, os fariseus, os essênios e os zelotes.
·
Os saduceus pertenciam à casta sacerdotal. Embora
conformassem um grupo minoritário e carecessem de apoio popular, ocupava um
lugar de primazia – econômica política e religiosa – na sociedade palestina. Dominava
o Templo, o culto, o Sinédrio e o sumo sacerdócio. Reduziam a revelação à Torah Escrita e rejeitavam os
“acréscimos” da Tradição Oral, negando, portanto, tudo aquilo que não estivesse
expressamente consignado nas Escrituras hebraicas.
·
Os fariseus integravam vários setores da sociedade
judaica e gozavam do apoio e da confiança das camadas populares. Se a primazia
dos saduceus se assentava, em última instância, no Templo, a popularidade dos
círculos farisaicos fundava-se na Torah (literalmente,
“Lei”), que estudavam e conheciam pormenorizadamente. Mas, para além da Torah Escrita, reconheciam a Palavra do Deus
vivo também na oralidade. Torah Escrita
(Escrituras) e Torah Oral
(passada de pai pra filho) eram, pois, duas dimensões inseparáveis de uma mesma
Palavra revelada. Precisamente esse é o pano de fundo dos debates entre
saduceus e fariseus a respeito da fé na ressurreição – professada pelos
segundos com base na tradição oral –,testemunhados tanto por Mateus (Mt 22,23-33) quanto por Marcos (Mc 12,18-27) e por Lucas (At 23,6-8). Mediante o zeloso cumprimento da Lei,
os círculos farisaicos almejavam a santificação do povo, incluso fora dos
limites do Templo. Mas, se, por um lado, pretendiam orientar o povo nos
caminhos da Torah,
por outro lado, o rigorismo quanto às normas de pureza e à observância do
sábado dificultava o dia a dia e conduzia à exclusão de determinadas categorias
de pessoas (leprosos, doentes em geral, pecadores, etc.). Os escribas faziam
parte deste grupo.
·
Os essênios, por sua vez, constituíam de acordo
com o historiador judeu Flávio Josefo (37-101 dC.), “a mais perfeita” de todas
as seitas, pois viviam comunitariamente, trabalhavam a terra e possuíam todos
os bens em comum. Eram celibatários e destacavam pelo rigor dos seus costumes e
práticas ascéticas¹. Surgiram como um grupo dissidente² do Templo durante o período dos
macabeus, pouco antes da conquista romana. Em 1947, foram encontrados os
chamados “manuscritos do Mar Morto”, nas proximidades das ruínas de Qumran, que revolucionou os estudos bíblicos
e deu a conhecer o maior legado essênio para nossos dias: sua atividade como
copistas das escrituras.
·
Por
fim, os zelotes eram um grupo
político-nacionalista e, certamente, a facção mais agressiva. Sucumbiram
durante a guerra contra Roma, não sem antes oferecer a mais férrea resistência.
À luz desses dados, podemos dizer que, longe de ser
um coletivo uniforme e sem distinções internas, o judaísmo do período estudado
era uma realidade complexa, conformada por grupos não somente diversos como
também concorrentes e até rivais.
6 – Conclusão
Em
Mateus, as primeiras frases “Estas são as gerações de Jesus” apontam para
“Davi, e Abraão”, atribuindo a esses dois grandes personagens Bíblicos como
sendo a “fonte” da geração de Yeshua.
Em
Gênesis as duas frases “no princípio”, e “criou Deus” apontam para as palavras
“Céus” e “Terra”, como sendo os objetos de Criação.
É
como se Mateus estivesse narrando uma estrutura paralela e similar ao Gênesis,
mas fazendo o sentido inverso da Criação. Em Gênesis 1,
Elohim cria os céus e a terra – e o homem, Adão, é retirado da terra, do pó da
terra – o que com o decorrer da história vai levar ao surgimento de Abraão e
Davi.
Em
Mateus 1, Yeshua (que
é Elohim), é
gerado por meio de Abraão e Davi, que vieram de Adão – e
este último veio diretamente de Elohim.
Em
Gênesis 1, Elohim gera a Criação, e em Mateus, a Criação “gera” a Jesus.
É
como se Mateus quisesse dizer que em Yeshua, tudo volta ao Princípio, toda a
Criação volta para o Criador. “O
qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a
criação”. (Cl 1:15-15)
É
a confirmação Profética de que Yeshua
é o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim:
“Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, o primeiro e o
derradeiro”. (Ap 22:13)
Glossário:
¹Ascetismo é
uma doutrina filosófica que defende a abstenção dos prazeres físicos e
psicológicos, acreditando ser o caminho para atingir a perfeição e equilíbrio
moral e espiritual.
² que ou o que sai de um determinado grupo ou
organização (p.ex. política, religiosa), por divergir de seus princípios,
ideias, doutrinas, métodos etc.
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