Período Intertestamental
Data: 375 a.C – 25 d.C
Último Profeta do AT: Malaquias
Primeiro Profeta do NT: João Batista
1 -
Introdução
Nosso calendário é apenas um código. Um sistema divido em
três partes (dia/mês/ano) que permite nos localizarmos no tempo-espaço. O
calendário de 365 dias que usamos é o resultado científico de calcular quanto
tempo a Terra leva para completar uma rotação em torno do Sol.
Enquanto os dias e meses são baseados em forças
gravitacionais do planeta, e, assim, fundamentados na realidade, o terceiro
aspecto das datas - o ano - é uma bagunça total.
Por que consideramos 2018 o ano que estamos vivendo
atualmente?
Por que marcamos o início do ‘tempo’ moderno com o nascimento
de Jesus?
Na verdade, em nenhum momento na história da
humanidade houve um único sistema de datação uniforme compartilhado por todos,
por este motivo, muitos países pelo mundo possui o seu próprio calendário, e
cada um foi criado mediante a uma data especial da sua cultura.
2
- A Datação
do Nascimento de Jesus
Por volta dos anos
600 d.C. cogitou-se considerar a data do nascimento de Cristo como o ano zero.
O monge Dionísio, que
viveu no século VI, foi quem se preocupou e quem estabeleceu a data de
nascimento do Redentor, fixada então em 25 de dezembro de 753 da fundação de Roma.
A Igreja acolheu a
data de 25 de dezembro como o dia do nascimento de Jesus Cristo porque se
sobreporia às celebrações do solstício de inverno e à festa de Mitra, deus da
luz, que os antigos festejavam nesse dia. Assim, a Igreja cristianizou essas
festividades pagãs, fornecendo-lhes simbolismos cristãos e uma nova linguagem.
A fonte cronológica bíblica
sobre o nascimento de Cristo que temos é uma passagem de Lucas 2: 1-2.
Segundo essa
passagem, naqueles dias, apareceu um edito de César Augusto ordenando o
recenseamento de todo o mundo habitado. Esse recenseamento foi o primeiro
realizado quando Quirino era governador da Síria, com o alistamento de todos,
cada um em sua própria cidade.
Nessa época, consta
que José saiu da região da Galiléia, da cidade de Nazaré, para a região da
Judéia, para cidade de Davi, chamada Belém, a fim de se inscrever no
recenseamento com Maria, sua esposa, que estava grávida.
A partir dessas
fontes e depois de muitos cálculos, Dionísio pensou que poderia estabelecer o
ano preciso da morte de Herodes – consta que Jesus nasceu no ano em que Herodes
morreu. Mas se enganou, pois o soberano morreu no ano 4 a.C. e na bíblia consta
que ele fez um decreto mandando matar todos os meninos de 2 anos para baixo,
deixando claro que ele ainda viveu um tempo depois do nascimento de Cristo.
Hoje, os
historiadores concordam em considerar que Cristo nasceu cinco ou seis anos
antes do que propõem os cálculos do monge; portanto, o nosso milênio terminou
antes que nos déssemos conta.
Curiosidade:
EC – “era cristã” ou ainda “era comum”, sendo
esta última a mais usada por evitar referências religiosas.
Expressões também usadas para marcar o tempo.
3 – Contexto
Histórico
Profetas como Isaías e Jeremias alertaram os cidadãos de Jerusalém de
que, se continuassem a quebrar os mandamentos do Senhor, a cidade e seu templo
seriam destruídos. Essa profecia se cumpriu quando a Babilônia inicialmente
invadiu Judá por volta de 607 a.C., destruindo povoados, vilas, cidades e
a vida religiosa.
Jerusalém caiu por fim em 586 a.C., e os judeus exilados foram
forçados a sair de sua terra natal destruída. Posteriormente, os exilados
começaram a retornar para a Palestina e a reconstruir suas casas e sua vida
religiosa (Ed
3). O templo de Jerusalém, finalmente reconstruído em
515 a.C., tornou-se mais uma vez o centro da adoração judaica.
Como os judeus tinham rejeitado a oferta dos samaritanos de ajudarem a
reconstruir o templo, os samaritanos construíram um templo alternativo no final
do século 4 a.C no Monte Gerizim, a quase 65 quilômetros ao norte de Jerusalém.
Assim, a adoração de YHWH e a crença Nele se fragmentaram entre o novo templo
no Monte Gerizim e o templo de Jerusalém, visto que os dois competiam entre si,
alegando ter a autoridade do sacerdócio (João
4:20).
Mas esse reavivamento não durou por muito tempo. Depois de Malaquias,
tal como o profeta Amós tinha profetizado, o Senhor enviou “fome sobre a terra; não fome de pão, nem sede
de água, mas de ouvir as palavras do Senhor” (Amós 8:11).
Essa importante mudança teve
grandes conseqüências à medida que o povo tentava entender e viver a lei sem os
ensinamentos e as interpretações decorrentes da autoridade de um profeta.
Como efeito dessa apostasia, o povo se dividiu em grupos com várias
posturas políticas, religiosas e sociais, que diferiam em suas crenças e
tradições em relação ao Messias. Os grupos religiosos tentavam viver a lei de
Moisés conforme a entendiam, mas cada grupo interpretava as escrituras da
maneira que lhes aprazia. Como resultado, o verdadeiro conhecimento de quem
seria o Salvador se tornou confuso.
Quando a voz dos profetas foi silenciada, os sacerdotes e os levitas,
tornaram-se as figuras públicas mais importantes entre os judeus e
reivindicaram para si o direito de interpretar as escrituras. Entretanto, o
ofício de sumo sacerdote se corrompeu por ser vendido e comprado naquela época.
Muitos judeus achavam que os sacerdotes e os levitas não cumpriam suas
responsabilidades de ensinar corretamente a lei (Dt 33:10), por isso
surgiu um novo grupo que procurava ensinar a lei. Conhecidos como escribas, tomaram como modelo Esdras,
que tinha ajudado seu povo a sentir a necessidade de aprender e cumprir a lei (Ed
7:25; Ne 8:1–8).
Com o tempo, a Palestina ficou sujeita à influência dos imperadores
selêucidas, que falavam grego; e foi em 167 a.C. que estes governantes
vetaram a fé judaica, proibindo a circuncisão e profanando o templo ao oferecer
carne de porco no altar.
Liderados por uma família conhecida como os Macabeus ou Hasmoneus,
muitos judeus resistiram. Essa revolta se chamou “Guerra dos Macabeus”, que trouxe
por fim liberdade para os judeus e criou uma nação judaica pela primeira vez
desde a queda de Jerusalém.
Outros grupos religiosos também surgiram durante o período
intertestamental, cada qual exigindo o direito exclusivo de interpretar as
escrituras. Os fariseus eram um
grupo religioso independente que se formou logo depois da Guerra dos Macabeus.
Eles se tornaram muito influentes na sociedade judaica dando início a um
enfoque estrito nas leis referentes aos alimentos e nos rituais de purificação,
que eram aspectos da lei enraizados em suas tradições orais, e não nas
escrituras.
Por outro lado, os saduceus rejeitavam
qualquer coisa que se baseasse na tradição oral, atendo-se estritamente aos
cinco livros de Moisés e desprezando os Escritos dos outros Profetas. Esse
grupo consistia em grande parte da elite da sociedade de Jerusalém. Na época em
que Jesus nasceu, eles tinham ampliado seu poder, assumindo o controle do
templo em Jerusalém.
Cada um desses grupos religiosos preservava tradições e doutrinas que
acreditava ser essenciais para uma vida de devoção. Mas, como carecia da
orientação de um verdadeiro profeta, ficava à mercê de suas próprias
interpretações.
4 – A
Septuaginta
Por volta de 280 a.C, um grupo de sábios judeus iniciou a tradução do
Antigo Testamento hebraico para o grego, a linguagem universal da época, de
modo que os judeus de Alexandria e de outros lugares pudessem aprender o
idioma.
Setenta e dois homens trabalharam na tradução, e foi um acontecimento
sobrenatural: cada tradutor produziu as mesmas palavras e frases, como se todos
fossem controlados por uma mão invisível. O trabalho levou 150 anos para ser
concluído e é conhecido como a Septuaginta (ou tradução dos setenta).
5 - À Espera de um Messias
Independentemente de suas crenças religiosas, havia homens e mulheres
justos que ainda aguardavam a vinda do Messias durante o período
intertestamental. Os poetas cantavam salmos, e o povo orava por Sua vinda,
falava dela e sonhava com ela: a vinda de um rei da linhagem de Davi que estava
destinado a salvar Seu povo.
Um dos grupos que esperavam o Messias eram os Essênios, que surgiram durante o conflito dos macabeus. Os Essênios
acreditavam que os sacerdotes do templo de Jerusalém eram corruptos e que o
templo precisava de importantes reformas. A seu ver, a vinda do Messias estava
próxima. Eles acreditavam que Ele Se uniria à causa deles para acabar com o
jugo opressivo de Roma, cujos governantes tinham conquistado a Palestina 60
anos antes do nascimento de Jesus.
Assim como a Reforma que antecedeu a Restauração, o período
intertestamental também presenciou acontecimentos que prepararam o mundo para a
vinda de Jesus Cristo. Esse período se caracterizou por uma produção marcante
de literatura religiosa, incluindo a tradução da Bíblia hebraica para o grego e
o início da compilação dos Pergaminhos do Mar Morto e dos Livros Apócrifos.
Foi nessa época que as idéias sobre os anjos, a ressurreição e os
conceitos de céu e inferno se desenvolveram e foram refinados.
Entretanto, sem um profeta para guiá-los, os judeus discordavam entre si
a respeito do significado das escrituras e de quem viria a ser o Messias.
Enquanto a maioria das pessoas esperava um Messias da linhagem de Davi,
outros defendiam um Messias que fosse filho de Aarão — um Messias sacerdotal. E
havia outros que não acreditavam mais na vinda de um Messias.
Criaram-se tantas expectativas entre os diferentes grupos durante o
período intertestamental que eles não souberam reconhecer o verdadeiro Messias
quando Ele chegou. Nenhum dos grupos — escribas, fariseus, essênios ou saduceus
— aceitou João Batista como profeta e Jesus Cristo como o Messias, acontecendo
que alguns membros desses grupos acabaram se tornando os principais adversários
de João e de Jesus durante o ministério deles (Mateus 21:23–46).
Por terem esperado um Messias tão diferente de Jesus, eles O rejeitaram.
6 –
Conclusão
Vivemos hoje em um
contexto de grande diversidade religiosa, no qual muitos cristãos escolhem em
quê acreditar e ainda prefere interpretar a bíblia à maneira mais conveniente ao
seu padrão de vida.
Muitas heresias foram
difundidas no decorrer do tempo. Até mesmo a nossa bíblia possui diversas
versões a ponto de não sabermos mais o
que foi implantado pelo homem e o que de fato está na bíblia como original.
Para isso, devemos
estudar a Palavra e pedir direção ao Espírito Santo a fim de que Ele nos revele
os segredos do coração do Pai para permanecermos justos nesses últimos dias.
Grupos
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Características
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Saduceus
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Os saduceus compunham o sinédrio e era a parte
aristocrática dos judeus, onde se encontravam os sacerdotes mais poderosos e
mercadores prósperos. Se opunham aos fariseus e tinha somente o Pentateuco
como sagrado – Mt 22.23 – Não criam em anjos, nem demônios e nem inferno.
Eram helenistas, defensores da morte como fim
de todas as coisas.
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Fariseus
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Denomina um grupo de judeus extremamente apegados à Torá, a “bíblia”
dos judeus ( Jo 3.1; Mt 22.34-40). Formavam, entre o povo judeu, uma espécie
de comunidade à parte (Mt 22.15). Eram a elite do povo. Não se misturavam. Há
fortes indícios de que alguns escribas eram também fariseus. Eram legalistas
no cumprimento da Lei, mas pecavam por exigir dos outros o que não faziam.
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Essênios
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Formavam uma pequena seita judaica
na época do Novo Testamento, que vivia de forma reclusa no deserto da Judeia,
às margens do Mar Morto. Eles
entregavam suas propriedades a um fundo que era igualmente disponível a todos.
Banhavam-se antes das refeições e vestiam-se de branco. Além disso,
consideravam a si mesmos “os filhos da luz”, e viviam completamente separados
do judaísmo de Jerusalém, o qual consideravam apóstata.
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Zelotes
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”. Os zelotes tinham um intenso zelo por Deus (At 21.20). Era um grupo
religioso com marcado caráter militarista e revolucionário que se organizou
opondo-se à ocupação romana de Israel. Temos o registro bíblico de que antes
de ter-se convertido e ter sido chamado ao discipulado cristão, um dos doze
apóstolos de Jesus, Simão, o Zelote, havia pertencido a esse partido
revolucionário, que se caracterizava pelo fanatismo religioso
(Lc 6.15 e At 1.13).
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Herodianos
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.Eram assim chamados por serem
partidários assalariados da dinastia de Herodes. Herodes, o Grande, tentou
romanizar a Palestina em sua época.
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Samaritanos
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Os judeus excomungavam os samaritanos,
considerando-os escória da raça humana. As fortes objeções dos judeus eram: a
insistência dos samaritanos em considerar o monte Gerizim o principal local
de culto e a rejeição destes a Jerusalém como cidade sagrada ( Jo 4.20).
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Publicanos
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1.
Eles
eram cobradores de impostos, comparados aos pecadores da pior espécie. Quando
um judeu exercia esse triste ofício, e, sobretudo, quando cobrava de seus
irmãos o imposto destinado a Roma, era tratado com enorme desprezo. Entre
os doze discípulos, havia um ex-publicano (Mt 9.9).
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