1º Livro Profético - Isaías
Autor: Isaías
Data: 745 a 681 a.C
Escreveu para: Reis e Povo
de Judá antes do Exílio.
Contemporâneos: Oséias e Miquéias
Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A
quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim. (Isaías 6:8)
1 – Introdução
O livro de Isaias é
considerado uma mini Bíblia haja vista que possui 66 livros e Isaias tem 66
capítulos. Nos primeiros 39 capítulos falam exclusivamente da lei, de juízo e do
castigo divino, e é essencialmente dirigido aos judeus. Já os 27 capítulos
finais, falam de graça, da salvação e da volta do Messias atingindo aos gentios.
Assim como a Bíblia no Antigo Testamento fala de juízo e o Novo fala de graça.
Pode-se afirmar que Isaías é o profeta que mais fala sobre a vinda do Messias,
descrevendo-o ao mesmo tempo como um servo sofredor que morreria pelos pecados
da humanidade e como um príncipe soberano que governará com justiça. Por isso,
um dos capítulos mais marcantes do livro seria o 53 que menciona o martírio que
aguardava o Messias
Mas ele foi ferido pelas nossas, transgressões e
moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele,
e, pelas suas pisaduras, fomos sarados. (Is 53:5).
O
Novo Testamento faz mais de 400 citações de seu conteúdo.
2 - Quem foi Isaías
O profeta Isaías,
nasceu em 765 a.C. e foi martirizado em 681 a.C, vivendo assim nos reinados de
Uzias (ou Azarias), Jotão, Acaz e Ezequias e Manassés, em Jerusalém, sendo
contemporâneo à destruição de Samaria pela Assíria (721 a.C) e à resistência de
Jerusalém ao cerco das tropas de Senaqueribe que sitiou a cidade com um
exército de 185 mil assírios em 701 a.C (2 Rs, 19: 35-36; 32:2122; Is, 37:36-37) Isaías, cujo nome significa Jeová
salva ou Deus é salvação, exerceu o seu ministério no reino de Judá, tendo se
casado com uma mulher conhecida como profetisa, que foi a mãe de seus dois
filhos: Sear-Jasube “Um remanescente voltará” e Maer-Salal-Hás-Baz “Rápido à presa, veloz ao despojo”.
Era
considerado o mais ilustre dos profetas, pois conforme a tradição tinha sangue
real, pois seu pai Amoz era irmão do rei Amazias, e assim ele foi primo
legítimo do rei Uzias (ou Azarias), e neto do rei Joás. Sendo então
um príncipe de Judá.
Isaías
serviu ao Senhor por mais de 40 anos em liberdade e continuou servindo, mesmo
sob perseguição, por mais 20 anos. A Bíblia nos diz que ele começou seu
ministério no ano da morte de Uzias (ou Azarias) em 750 a.C, e ainda era vivo
quando Senaqueribe morreu assassinado em 681 a.C, tendo registrado no seu
livro, capítulo 37:37-38.
O ministério do
profeta Isaías foi centrado em Jerusalém e abrangeu os reinados de quatro reis:
Jotão, Acaz, Ezequias e Manassés (1.1).
A Bíblia em ordem
cronológica nos mostra claramente que a experiência de Isaías do capítulo 6
aconteceu antes das profecias dos capítulos 1 a 5. Em 754 a.C, o rei Uzias (ou
Azarias) Pecou contra o Senhor sendo este punido com lepra até a sua morte, e
devido a esta enfermidade, foi afastado do governo e seu filho Jotão, ficou
como regente em seu lugar até a sua morte em 748 a.C (2 Cr, 26: 16-21 e 1 Rs,
15:5), provando assim, que o ministério de Isaías foi contemporânea a sua
morte, pois a frase: No ano da morte do rei Uzias, não se refere se foi antes
ou depois, visto que a referência era ao ano e não a data.
A tradição judaica
afirma que Isaías morreu cerrado ao meio por ordens do filho do rei Ezequias, o
ímpio rei Manassés. Possivelmente, foi a este fato que o escritor da epístola
aos Hebreus tenha se referido em Hebreus
11.37.
UZIAS |
799 – 748 A.c |
52 anos |
2 Cr, 26:1-5 |
ISAÍAS |
765-681 A.c |
84 ANOS |
Bíblia em Ordem
Cronológica |
JOTÃO |
747 – 732 a.C |
16 anos |
2 Cr, 27: 1-2 |
ACAZ |
732 – 717 a.C |
16 anos |
2 Cr, 28:1-8 |
EZEQUIAS |
717 – 698 a.C |
29 anos |
2 Cr, 29:
1-2 |
MANASSÉS |
697 – 642 a.C |
55 anos |
2 Cr, 33:1-9 |
Em preto estão os maus reis de Judá e em vermelho os bons.
3 - Contexto Histórico:
Os dias gloriosos dos reis Davi e Salomão já estavam 200 anos no
passado. O reino do Sul, Judá, e o reino do Norte, Israel, haviam coexistido
razoavelmente bem. Israel resistia a Deus, enquanto que Judá vacilava entre
reis bons e reis maus. Os reis bons proporcionavam encorajamento espiritual
positivo, embora não chegasse ao nível de seu pai, Davi.
Isaías foi enviado a uma nação cuja fé havia se tornado fria. Amazias,
que reinou durante 29 anos, é descrito como um rei bom, que “fez o que era reto perante o Senhor,
ainda que não como Davi, seu pai; fez, porém, segundo tudo o que fizera Joás,
seu pai. Tão somente os altos não se tiraram; o povo ainda sacrificava e
queimava incenso nos altos” (2 Rs 14.3-4).
Uzias (também chamado Azarias), que reinou durante 52 anos, e Jotão, que
reinou durante 16 anos, são descritos com palavras praticamente idênticas (2 Rs 15.3-4,34-35).
Então veio Acaz, que reinou durante 16 anos: “Não
fez o que era reto perante o Senhor, seu Deus, como Davi, seu pai. Porque
andou no caminho dos reis de Israel e até queimou a seu filho como sacrifício,
segundo as abominações dos gentios, que o Senhor lançara de diante
dos filhos de Israel” (2 Rs 16.2-3).
Em contraste, Ezequias, provavelmente devido em parte ao ministério
piedoso de Isaías, foi um rei justo:
“Fez ele o que era reto perante
o Senhor, segundo tudo o que fizera Davi, seu pai. Removeu os altos,
quebrou as colunas e deitou abaixo o poste-ídolo; e fez em pedaços a serpente
de bronze que Moisés fizera, porque até àquele dia os filhos de Israel lhe
queimavam incenso e lhe chamavam Neustã. Confiou no Senhor, Deus de
Israel, de maneira que depois dele não houve seu semelhante entre todos os reis
de Judá, nem entre os que foram antes dele” (2 Rs 18.3-5).
Estes foram tempos de prosperidade para Judá. O Senhor abençoava os reis
de Judá quando caminhavam de acordo com Ele, mas os punia quando, por orgulho,
se voltavam contra Ele.
Cada ciclo de punição e bênção parece ter produzido um espiral
cumulativo que levava para baixo a saúde espiritual da nação. Conforto pessoal
geralmente produz negligência. O pecado, mesmo depois de ter sido perdoado,
deixa consequências duradouras em todos em que toca.
Durante
os 150 anos antes de Isaías, a Assíria desenvolvia e anexava nação após nação
ao seu território. E durante o tempo de Isaías, Deus usou a Assíria para
disciplinar Seu povo.
Quando Isaías nasceu, fazia meio século que
Israel pagava tributo a essa nação. Com Isaías já adulto, ela levou
as dez tribos para o cativeiro. Alguns anos depois os assírios invadiram Judá,
destruíram 46 cidades de Judá e levaram 200 mil cativos (2 Rs, 18:13-37; 2 Cr,
29:1-2; 31:1). Foi pela oração de Isaías, já mais velho, e por
seu conselho ao rei Ezequias, que Senaqueribe foi vencido, e o anjo do Senhor
feriu 185 mil assírios em uma só noite (2 Cr, 32: 21-22) e dali em diante a
Assíria declinou como nação, aponto de sofrer total derrota por
parte da Babilônia, em 625 a.C.
4 - Estrutura do Livro
O livro de Isaías está centralizado
em um dos períodos mais turbulentos e trágicos da história judaica. Nos dias de
Isaías, o reino de Judá esteve sob o governo de cinco reis, dos quais alguns
eram bons e outros maus - Uzías, Jotão, Acaz, Ezequias e Manassés. Era uma
nação pecadora. Embora fosse o povo de Deus, eles eram apóstatas e sem dúvida
mereciam ser castigados.
Durante
o período da vida de Isaías, em um momento ou outro, vários inimigos poderosos
estiveram inclinados à destruição de Judá; O Reino do Norte de Israel,
governado por Peca; a Síria, cujo rei era Rezim; e a Assíria, sob reis
guerreiros como Tiglate-Pileser III, Sargão II e Senaqueribe. Além disso,
outros vizinhos, como os filisteus, os moabitas e os edomitas, de vez em quando
atacavam o pequeno reino.
O
Egito era apenas uma “cana quebrada” sobre a qual tentavam apoiar-se em busca
de ajuda contra o invasor assírio. Foi predito que a Babilônia, com quem
Ezequias fez uma aliança, tomar-se-ia o futuro destruidor. Por meio de
revelação, Isaías previu dois libertadores por vir: Ciro, como um libertador
distante; e o Messias, como um libertador mais distante ainda. O profeta
observou que tudo e todos seriam instrumentos de Deus tanto para o castigo
quanto para a redenção de seu povo escolhido.
5 - O Texto, o Contexto e seu Duplo Cumprimento
Gostaria de analisar um texto muito conhecido da
bíblia: Isaías 7:14.
Temos
aqui um problema textual da Bíblia - a palavra “almah“. Traduções da Bíblia como a Septuaginta, King James, Almeida, tanto a Revista e Corrigida como
a Atualizada, a traduzem por
“virgem”. Outras como a Bíblia Judaica, a
Tanach e a Bíblia de
Jerusalém traduziram por “jovem” ou “mulher jovem”.
Diante
destas declarações, a primeira pergunta que se levanta é esta: Qual é a tradução certa para “almah“? Virgem ou jovem? O traduzir de forma errada às vezes pode cria
alguns problemas.
Tradicionalmente
sempre se defendeu a tradução para virgem, por ser aparentemente, a única a
predizer claramente o nascimento virginal de Cristo. Mas se esta passagem é uma
profecia referente a uma criança que deveria nascer como sinal para o rei Acaz,
a mãe desta criança não poderia ser virgem porque criaria um problema
de ordem teológica. Sendo que outras traduções trazem “mulher jovem”,
alguns críticos intervêm declarando que este procedimento eliminaria uma
doutrina fundamental da Bíblia, o maravilhoso nascimento virginal de Cristo.
A
palavra “almah” no
hebraico designa simplesmente a “mulher jovem” em idade de casamento, quer
noiva ou não, casada ou não, virgem ou não. Denota idade e não condição.
O
vocábulo hebraico para virgem é “bethulah“,
que aparece 50 vezes no Antigo Testamento.
O que não é o caso de Isaías 7:14.
Então,
a única tradução coerente é: “Eis que uma mulher
jovem conceberá, e dará à luz um filho; eles o chamarão de Emanuel”.
Então
quem seria esta mulher a que Isaías se refere?
Baseada
no contexto bíblico (Isaías 8:3) vê que a jovem era a
própria esposa de Isaías. Conferindo Isaías 1:1 com 6:1 concluiremos que o
profeta estava no início de seu ministério, que se estendeu por meio século
após este evento.
Isaías
tinha ido até o rei Acaz para lhe dar uma mensagem a respeito do que Deus iria
fazer quanto aos reis da Síria e o rei de Israel, que haviam se levantado
contra Jerusalém para guerrear. Acaz estava abalado, mas Deus disse que não
aconteceria nada e que ele poderia lhe pedir um sinal como prova dessa
promessa. Mas Acaz não quis pedir essa prova. Então, Isaías disse: “Por isso, o
próprio Adonai vos dará um sinal: uma jovem conceberá e dará à luz um filho, e
o chamarão Immano’el .” (Tanach).
O
nascimento da criança seria o
sinal para o povo de Judá e para o rei Acaz de que Deus iria destruir os
inimigos, e por isso o chamariam de Emanuel “Deus está conosco”. E
completa: “E quando a criança tiver doze anos de idade, já
capaz de tomar decisões morais, a ameaça de guerra terá passado” (Isaías 7:15 -
B.L.Contemporânea)
A verdade do nascimento virginal de Cristo está
implícita através das Escrituras, portanto não precisa ser confirmada
exatamente por uma palavra hebraica de Isaías 7:14.
Se a tradução de “almah” por
virgem cria um problema de natureza teológica, por não poder ser aplicável no
tempo de Isaías; outro problema nada inferior a este seria
se Isaías houvesse usado a palavra “bethulah” para outra
ocorrência além do nascimento virginal de Cristo.
Se os analistas bíblicos defendessem que Isaías 7:14 profetizava um nascimento virginal milagroso
naquele tempo, teriam também de aceitar que esta criança teria a mesma natureza
divino-humana e o mesmo poder que Jesus possuía.
O estudo atento do texto hebraico e das várias
interpretações propostas nos leva à conclusão de que em Isaías 7:14 temos uma profecia messiânica.
Este texto deve ser incluído entre as profecias
messiânicas pelo princípio do duplo cumprimento comum a
muitas profecias bíblicas, como nos confirma outro exemplo de Isaías.
A origem e queda de Lúcifer são
descrita apenas duas vezes na bíblia. A primeira por Isaías, contra a
Babilônia (Is 14.11-23), e, a segunda, por Ezequiel, quando ele repreende
duramente o rei de Tiro (Ez 28.11-19). Essas duas
passagens, apesar de também existir um contexto histórico, contam-nos a maior
parte do que sabemos sobre a queda de Satanás.
Da mesma forma, a promessa a respeito do Emanuel teve uma aplicação
imediata e primária na libertação temporária de Judá nos dias de Acaz, mas,
depois de 730 anos, teve uma aplicação secundária de livramento perpétuo de
outro inimigo - Satanás, que através da encarnação de Cristo, iniciou o período
da graça para a salvação espiritual e reconciliação do homem com Deus.
Apesar de parecer uma curiosidade secundária, é
necessária nestes dias onde muitos apóstatas usam a própria Bíblia para
descredenciá-la. Conhecendo a verdade, você não será confundido.
6 – Algumas de suas Profecias
O cumprimento das
inúmeras profecias bíblicas a respeito dos reis Nabucodonosor, Ciro e Alexandre
— o Grande, das nações do Egito, Assíria e Babilônia, das cidades de Tiro e
Sidom e especificamente acerca de Israel e Jerusalém, constitui-se uma prova
incontestável da origem, inspiração e autenticidade divinas dos oráculos dos
antigos profetas hebreus. Isso sem falar no tema principal das profecias do
Antigo Testamento — o Senhor Jesus Cristo, em seus dois adventos — do qual uma
grande parte teve cumprimento na vida, obra e ministério terreno do Filho de
Deus. Devido à relevância de tal assunto, vamos analisar as profecias
registradas em Isaías e seus respectivos cumprimentos.
Isaías 1: 10-31 |
Sentença de Judá |
2 Reis 25: 1-26 |
Isaías 7:14 |
O nascimento do
Emanuel |
Mateus 1:18-23 |
Isaías 8:14 |
Pedra de Tropeço |
Romanos 9: 31-33 |
Isaías 9: 6-7 |
Descendente de
Davi |
Mateus 1:1 |
Isaías 22:22 |
Ele terá a Chave
de Davi, Reinado Eterno |
Apocalipse 3:7; Lucas 1:31-33 |
Isaías 25:8 |
Vencerá a morte |
Lucas 24: 1-12; 1 Coríntios 15:54 |
Isaías 28:16 |
Pedra angular |
1 Pedro 2:6-8; 1 Coríntios 3:11 |
Isaías 35:5-6 |
Os doentes serão
curados |
Mateus 11:5 |
Isaías 44:26 |
Libertação de
Israel |
Esdras 1:1 |
Isaías 53:1 |
Não teria crédito |
João 7:5, 46;
12:37-38; Romanos 10:16; Mateus 3:21 |
Isaías 53:2-3 |
Seria desprezado |
Lucas 2:7; João 1:10-11 |
Isaías 53:5-6 |
Levaria os nossos
pecados |
1 Pedro 2:24-25 |
Isaías 53:9 |
Sepultado entre
os ricos |
Mateus 27:57-60 |
Isaías 53:12 |
Tratado como
criminoso |
Marcos 15:27-28 |
Isaías 61:1 |
Enviado de Deus |
Lucas 4:21 |
7 – Uma Pequena Análise de Isaías 53
Deve-se pedir a todo
judeu que afirma crer em Isaías como profeta de Deus, mas nega que Jesus é o Messias,
que explique Isaías 53. De quem o profeta estaria falando senão de
Jesus?
Ao longo dos séculos,
os judeus que rejeitaram a Jesus não procuraram um salvador sofredor, mas
Isaías claramente descreve um Messias que seria sacrificado pelos nossos pecados.
Ao lermos Isaías 53,
devemos ser levados a chorar de gratidão por compreendermos melhor o amor de
Deus manifesto no dom de seu Filho.
Isaías profetizou
dizendo que seria "mui
desfigurado, mais do que... outro qualquer" (Isaías 52:14). Quando refletimos em algumas das
atrocidades da guerra de nossos dias, essa declaração pode parecer questionável
à primeira vista. Mas, quando nos recordamos de sua vida na terra do
começo ao fim, não pomos em dúvida que as infâmias sofridas pelo Filho de Deus
ultrapassaram o que qualquer outro homem jamais sofreu.
"Não tinha
aparência nem formosura" (Isaías 53:2). Isso não trata simplesmente de seu aspecto
físico, pois o Novo Testamento não nos diz nada a esse respeito. Mas ele
abandonou a glória que tinha junto ao Pai por uma vida sem nada do que
normalmente atrai as pessoas a seguir alguém, como riquezas e notoriedade
política.
"De Nazaré pode
sair alguma cousa boa?" (João 1:46). "Era desprezado e o
mais rejeitado entre os homens" (Isaías 53:3). Nem mesmo o seu próprio
povo o recebeu (João 1:11). A cruz não foi a primeira tentativa para matá-lo. As
autoridades judaicas tentaram várias vezes, mas não poderiam matá-lo até que
sua hora chegasse (João
12:23-28).
Era "homem de
dores" (Isaías 53:3-4). Ele chorou por causa de Jerusalém, que escondeu assim seu rosto
dele. Na noite em que foi traído, ele disse como sua alma era "profundamente
triste" (Mateus
26:36-41).
"Por juízo
opressor foi arrebatado" (Isaías 53:8). Buscaram falsas
testemunhas; três vezes Pilatos declarou sua inocência; e mesmo o ladrão na
cruz disse: "Este nenhum mal fez".
8 – A Profecia da Restauração de Jerusalém
Esta profecia está em Isaías 44:28, que diz o
seguinte: “Quem
diz de Ciro: É meu pastor, e cumprirá tudo o que me apraz; dizendo também a
Jerusalém: Sê edificada; e ao Templo: Funda-te. Eu despertarei a Ciro na minha
retidão: Endireitarei todos os seus caminhos. Ele reedificará a minha a minha
cidade, e soltará os meus cativos não por preço nem por presentes, diz o Senhor
dos exércitos”.
Esta profecia foi feita por Isaías aproximadamente
no ano de 712 a.C. Esta data é muito importante porque Ciro só veio a
existência 150 anos depois. Deus já havia revelado ao profeta o nome do
libertador de Israel do cativeiro Babilônico um século e meio antes do próprio
libertador nascer.
Acredita-se que Ciro nasceu em torno do ano 600 a.C. Ele é conhecido por ser o
grande conquistador da Babilônia, que nessa época era o maior império do
mundo. Ciro governou Babilônia de 539 a.C até a sua morte, em 530 a.C.
Foi o fundador do império Persa.
Xenofonte, escritor moralista grego, que viveu em
torno dos anos 430 a 335 a.C escreveu um livro
sobre Ciro que recebeu o nome de Ciropédia, onde Ciro aparece como um soberano
modelo. Ciro é descrito por Xenofonte como o primeiro imperador a lançar bases
para um império mundial. Há um documento conhecido como “O cilindro de
Ciro”. Este cilindro foi descoberto no século XIX, e retrata Ciro como um
político politeísta, um homem benévolo, que tinha misericórdia dos cativos.
Na profecia feita por Isaías Deus o chamou de “o
meu pastor”. E por quê?
A Ciro cabia realizar uma grande obra, libertar o
povo de Israel, que estava cativo na Babilônia e permitir que o local de
adoração do verdadeiro Deus em Jerusalém fosse restaurado. Ciro estava
conquistando o mundo tendo juntado com ele os exércitos da Média e da Pérsia. A
história nos relata o seguinte:
No ano 539 a.C. Ciro II (também
conhecido como Ciro, o Grande), capturou Babilônia. Ele entrou na cidade quando
a população inteira, dependendo das muralhas impenetráveis que a cercavam,
entregava-se à festividade e ao deboche, durante um período de festejos.
Heródoto informa-nos que Ciro havia anteriormente feito secar o Palacopas, um
canal que atravessava a cidade de Babilônia, levando as águas supérfluas do
Eufrates para o lago de Nitocris, a fim de desviar o rio para ali. Assim o rio
baixou de nível, e os soldados puderam penetrar na cidade através do leito
quase seco” (Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia vol.1 pg.424).
Numa noite Belsazar, o líder dos caldeus, estava
dando uma festa e depois de beber muito vinho, ordenou que os vasos sagrados
que seu avô havia trazido de Jerusalém para Babilônia fossem levados a sua
presença, porque ele queria beber vinho nestes vasos. Enquanto praticava este
ato profano, uma mão começou a escrever algo misterioso na parede do palácio. O
riso acabou e todos pararam de beber. A mão continuava a escrever. Daniel foi
chamado e a sentença foi dada. Acabara-se o reino babilônico.
Foi bem aí que os soldados invadiram o palácio e
Belsazar foi morto. Ciro começou a reinar em Babilônia. Daniel foi convidado a
permanecer no palácio. Eu creio que num momento qualquer Daniel levou os
escritos sagrados de Isaías e leu para o novo rei. Ali estava profetizada a sua
ascendência ao poder, 150 anos atrás.
Daniel deve ter destacado que além de na profecia
mencionar o nome do rei, também indicava o que deveria fazer em favor do povo
de Deus que estava preso na Babilônia, e pela cidade de Jerusalém.
Ciro iria proporcionar o retorno dos Judeus a Jerusalém e criaria meios para
que a cidade e o Templo fossem reconstruídos. Os judeus receberam, então, uma
primeira autorização para retornar a Palestina, mas infelizmente nessa ocasião
poucos desejaram retornar.
O que deve ocupar a nossa atenção, é que Deus está
no controle das nações. Se nós observarmos a história veremos a queda de
uma nação e o surgimento de outra. Quem está produzindo isto?
O objetivo desta profecia é mostrar que Deus está
no comando das nações. Foram dadas as Nações o privilégio de cumprir os
propósitos de Deus ou não. Elas existem como servas de Deus. Quando deixam de
cumprir o seu papel, elas caem.
9 - Conclusão
O
Livro de Isaías revela o juízo e salvação de Deus. Ele não pode permitir a
impunidade do pecado (Is 1:2; 2:11-20; 5:30; 34:1-2; 42:25).
Ao
mesmo tempo, Isaías compreende que Deus é um Deus de misericórdia, graça e
compaixão (Is
5:25; 11:16; 14:1-2, 32:2, 40:3, 41:14-16). A nação de Israel (Judá e
Israel) é cega e surda aos mandamentos de Deus (Is 6:9-10, 42:7). Judá é comparada a uma
vinha que deve ser, e será, pisoteada (Is 5:1-7). Só por causa de
Sua misericórdia e promessas a Israel, Deus não permitirá que Israel e Judá
sejam completamente destruídos. Ele vai trazer tanto a restauração e perdão
quanto a cura (43:2, 43:16-19, 52:10-12).
Mais
do que qualquer outro livro no Antigo Testamento, Isaías concentra-se na
salvação que virá através do Messias. O Messias um dia governará com justiça e
retidão (Is
9:7; 32:1). O
reino do Messias trará paz e segurança a Israel (Is
11:6-9). Através
do Messias, Israel será uma luz para todas as nações (Is
42:6; 55:4-5). O
reino do Messias sobre a terra (Is 65 e
66) é o objetivo para o qual aponta o Livro de Isaías.
É durante o reinado do Messias que a justiça de Deus será plenamente revelada
para o mundo.
Em
um aparente paradoxo, o Livro de Isaías também apresenta o Messias como àquele
que vai sofrer. Isaías capítulo 53 descreve vividamente o Messias sofrendo pelo
pecado. É através de Suas feridas que a cura é alcançada. É através de Seu
sofrimento que as nossas iniquidades são removidas. Esta aparente contradição é
resolvida na Pessoa de Jesus Cristo. Em Sua primeira vinda, Jesus foi o servo
sofredor de Isaías capítulo 53. Em Sua segunda vinda, Jesus será o Príncipe da
Paz e ocupará o Seu cargo de Rei (Is 9:6).
Curiosidade:
Isaías também
descreve a terra como circular (Is
40:22), o que gerou
interpretações modernas sobre o significado. Porém, um círculo não é uma
esfera. Os católicos acreditavam que a terra era achatada, de formato redondo.
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