1º Livro Profético - Isaías

Autor: Isaías

Data: 745 a 681 a.C

Escreveu para: Reis e Povo de Judá antes do Exílio.

Contemporâneos: Oséias e Miquéias

 

Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim. (Isaías 6:8)

 

1 – Introdução

 

O livro de Isaias é considerado uma mini Bíblia haja vista que possui 66 livros e Isaias tem 66 capítulos. Nos primeiros 39 capítulos falam exclusivamente da lei, de juízo e do castigo divino, e é essencialmente dirigido aos judeus. Já os 27 capítulos finais, falam de graça, da salvação e da volta do Messias atingindo aos gentios. Assim como a Bíblia no Antigo Testamento fala de juízo e o Novo fala de graça.
Pode-se afirmar que Isaías é o profeta que mais fala sobre a vinda do Messias, descrevendo-o ao mesmo tempo como um servo sofredor que morreria pelos pecados da humanidade e como um príncipe soberano que governará com justiça. Por isso, um dos capítulos mais marcantes do livro seria o 53 que menciona o martírio que aguardava o Messias

 

Mas ele foi ferido pelas nossas, transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados. (Is 53:5).

 

O Novo Testamento faz mais de 400 citações de seu conteúdo.

 

2 - Quem foi Isaías

 

O profeta Isaías, nasceu em 765 a.C. e foi martirizado em 681 a.C, vivendo assim nos reinados de Uzias (ou Azarias), Jotão, Acaz e Ezequias e Manassés, em Jerusalém, sendo contemporâneo à destruição de Samaria pela Assíria (721 a.C) e à resistência de Jerusalém ao cerco das tropas de Senaqueribe que sitiou a cidade com um exército de 185 mil assírios em 701 a.C (2 Rs, 19: 35-36; 32:2122; Is, 37:36-37) Isaías, cujo nome significa Jeová salva ou Deus é salvação, exerceu o seu ministério no reino de Judá, tendo se casado com uma mulher conhecida como profetisa, que foi a mãe de seus dois filhos: Sear-Jasube “Um remanescente voltará” e Maer-Salal-Hás-Baz “Rápido à presa, veloz ao despojo”.

Era considerado o mais ilustre dos profetas, pois conforme a tradição tinha sangue real, pois seu pai Amoz era irmão do rei Amazias, e assim ele foi primo legítimo do rei Uzias (ou Azarias), e neto do rei Joás. Sendo então um príncipe de Judá. 

Isaías serviu ao Senhor por mais de 40 anos em liberdade e continuou servindo, mesmo sob perseguição, por mais 20 anos. A Bíblia nos diz que ele começou seu ministério no ano da morte de Uzias (ou Azarias) em 750 a.C, e ainda era vivo quando Senaqueribe morreu assassinado em 681 a.C, tendo registrado no seu livro, capítulo 37:37-38.

O ministério do profeta Isaías foi centrado em Jerusalém e abrangeu os reinados de quatro reis: Jotão, Acaz, Ezequias e Manassés (1.1).

A Bíblia em ordem cronológica nos mostra claramente que a experiência de Isaías do capítulo 6 aconteceu antes das profecias dos capítulos 1 a 5. Em 754 a.C, o rei Uzias (ou Azarias) Pecou contra o Senhor sendo este punido com lepra até a sua morte, e devido a esta enfermidade, foi afastado do governo e seu filho Jotão, ficou como regente em seu lugar até a sua morte em 748 a.C (2 Cr, 26: 16-21 e 1 Rs, 15:5), provando assim, que o ministério de Isaías foi contemporânea a sua morte, pois a frase: No ano da morte do rei Uzias, não se refere se foi antes ou depois, visto que a referência era ao ano e não a data.

A tradição judaica afirma que Isaías morreu cerrado ao meio por ordens do filho do rei Ezequias, o ímpio rei Manassés. Possivelmente, foi a este fato que o escritor da epístola aos Hebreus tenha se referido em Hebreus 11.37.

 

UZIAS

799 – 748 A.c

52 anos

2 Cr, 26:1-5

ISAÍAS

765-681 A.c

84 ANOS

Bíblia em Ordem Cronológica

JOTÃO

747 – 732 a.C

16 anos

2 Cr, 27: 1-2

ACAZ

732 – 717 a.C

16 anos

2 Cr, 28:1-8

EZEQUIAS

717 – 698 a.C

29 anos

2 Cr,  29: 1-2

MANASSÉS

697 – 642 a.C

55 anos

2 Cr, 33:1-9

 

Em preto estão os maus reis de Judá e em vermelho os bons.

3 - Contexto Histórico:

 

Os dias gloriosos dos reis Davi e Salomão já estavam 200 anos no passado. O reino do Sul, Judá, e o reino do Norte, Israel, haviam coexistido razoavelmente bem. Israel resistia a Deus, enquanto que Judá vacilava entre reis bons e reis maus. Os reis bons proporcionavam encorajamento espiritual positivo, embora não chegasse ao nível de seu pai, Davi.

Isaías foi enviado a uma nação cuja fé havia se tornado fria. Amazias, que reinou durante 29 anos, é descrito como um rei bom, que “fez o que era reto perante o Senhor, ainda que não como Davi, seu pai; fez, porém, segundo tudo o que fizera Joás, seu pai. Tão somente os altos não se tiraram; o povo ainda sacrificava e queimava incenso nos altos” (2 Rs 14.3-4). 

Uzias (também chamado Azarias), que reinou durante 52 anos, e Jotão, que reinou durante 16 anos, são descritos com palavras praticamente idênticas (2 Rs 15.3-4,34-35).

Então veio Acaz, que reinou durante 16 anos: “Não fez o que era reto perante o Senhor, seu Deus, como Davi, seu pai. Porque andou no caminho dos reis de Israel e até queimou a seu filho como sacrifício, segundo as abominações dos gentios, que o Senhor lançara de diante dos filhos de Israel” (2 Rs 16.2-3).

Em contraste, Ezequias, provavelmente devido em parte ao ministério piedoso de Isaías, foi um rei justo:

“Fez ele o que era reto perante o Senhor, segundo tudo o que fizera Davi, seu pai. Removeu os altos, quebrou as colunas e deitou abaixo o poste-ídolo; e fez em pedaços a serpente de bronze que Moisés fizera, porque até àquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso e lhe chamavam Neustã. Confiou no Senhor, Deus de Israel, de maneira que depois dele não houve seu semelhante entre todos os reis de Judá, nem entre os que foram antes dele” (2 Rs 18.3-5).

Estes foram tempos de prosperidade para Judá. O Senhor abençoava os reis de Judá quando caminhavam de acordo com Ele, mas os punia quando, por orgulho, se voltavam contra Ele.

Cada ciclo de punição e bênção parece ter produzido um espiral cumulativo que levava para baixo a saúde espiritual da nação. Conforto pessoal geralmente produz negligência. O pecado, mesmo depois de ter sido perdoado, deixa consequências duradouras em todos em que toca.

Durante os 150 anos antes de Isaías, a Assíria desenvolvia e anexava nação após nação ao seu território. E durante o tempo de Isaías, Deus usou a Assíria para disciplinar Seu povo.
Quando Isaías nasceu, fazia meio século que Israel pagava tributo a essa nação. Com Isaías já adulto, ela levou as dez tribos para o cativeiro. Alguns anos depois os assírios invadiram Judá, destruíram 46 cidades de Judá e levaram 200 mil cativos 
(2 Rs, 18:13-37; 2 Cr, 29:1-2; 31:1). Foi pela oração de Isaías, já mais velho, e por seu conselho ao rei Ezequias, que Senaqueribe foi vencido, e o anjo do Senhor feriu 185 mil assírios em uma só noite (2 Cr, 32: 21-22) e dali em diante a Assíria declinou como nação,  aponto de sofrer total derrota por parte da Babilônia, em 625 a.C.

4  - Estrutura do Livro

 

livro de Isaías está centralizado em um dos períodos mais turbulentos e trágicos da história judaica. Nos dias de Isaías, o reino de Judá esteve sob o governo de cinco reis, dos quais alguns eram bons e outros maus - Uzías, Jotão, Acaz, Ezequias e Manassés. Era uma nação pecadora. Embora fosse o povo de Deus, eles eram apóstatas e sem dúvida mereciam ser castigados.

Durante o período da vida de Isaías, em um momento ou outro, vários inimigos poderosos estiveram inclinados à destruição de Judá; O Reino do Norte de Israel, governado por Peca; a Síria, cujo rei era Rezim; e a Assíria, sob reis guerreiros como Tiglate-Pileser III, Sargão II e Senaqueribe. Além disso, outros vizinhos, como os filisteus, os moabitas e os edomitas, de vez em quando atacavam o pequeno reino.

O Egito era apenas uma “cana quebrada” sobre a qual tentavam apoiar-se em busca de ajuda contra o invasor assírio. Foi predito que a Babilônia, com quem Ezequias fez uma aliança, tomar-se-ia o futuro destruidor. Por meio de revelação, Isaías previu dois libertadores por vir: Ciro, como um libertador distante; e o Messias, como um libertador mais distante ainda. O profeta observou que tudo e todos seriam instrumentos de Deus tanto para o castigo quanto para a redenção de seu povo escolhido.


5 - O Texto, o Contexto e seu Duplo Cumprimento

 

Gostaria de analisar um texto muito conhecido da bíblia: Isaías 7:14.

Temos aqui um problema textual da Bíblia - a palavra almah. Traduções da Bíblia como a SeptuagintaKing JamesAlmeida, tanto a Revista e Corrigida como a Atualizada, a traduzem por “virgem”. Outras como a Bíblia Judaica, a Tanach e a Bíblia de Jerusalém traduziram por “jovem” ou “mulher jovem”.

Diante destas declarações, a primeira pergunta que se levanta é esta: Qual é a tradução certa para almahVirgem ou jovem? O traduzir de forma errada às vezes pode cria alguns problemas.

Tradicionalmente sempre se defendeu a tradução para virgem, por ser aparentemente, a única a predizer claramente o nascimento virginal de Cristo. Mas se esta passagem é uma profecia referente a uma criança que deveria nascer como sinal para o rei Acaz, a mãe desta criança não poderia ser virgem porque criaria um problema de ordem teológica. Sendo que outras traduções trazem “mulher jovem”, alguns críticos intervêm declarando que este procedimento eliminaria uma doutrina fundamental da Bíblia, o maravilhoso nascimento virginal de Cristo.

A palavra “almah” no hebraico designa simplesmente a “mulher jovem” em idade de casamento, quer noiva ou não, casada ou não, virgem ou não. Denota idade e não condição.

O vocábulo hebraico para virgem é bethulah, que aparece 50 vezes no Antigo Testamento. O que não é o caso de Isaías 7:14.

Então, a única tradução coerente é: “Eis que uma mulher jovem conceberá, e dará à luz um filho; eles o chamarão de Emanuel”.

Então quem seria esta mulher a que Isaías se refere?

Baseada no contexto bíblico (Isaías 8:3) vê que a jovem era a própria esposa de Isaías. Conferindo Isaías 1:1 com 6:1 concluiremos que o profeta estava no início de seu ministério, que se estendeu por meio século após este evento.

Isaías tinha ido até o rei Acaz para lhe dar uma mensagem a respeito do que Deus iria fazer quanto aos reis da Síria e o rei de Israel, que haviam se levantado contra Jerusalém para guerrear. Acaz estava abalado, mas Deus disse que não aconteceria nada e que ele poderia lhe pedir um sinal como prova dessa promessa. Mas Acaz não quis pedir essa prova. Então, Isaías disse: “Por isso, o próprio Adonai vos dará um sinal: uma jovem conceberá e dará à luz um filho, e o chamarão Immano’el .” (Tanach). 

O nascimento da criança seria o sinal para o povo de Judá e para o rei Acaz de que Deus iria destruir os inimigos, e por isso o chamariam de Emanuel “Deus está conosco”. E completa: “E quando a criança tiver doze anos de idade, já capaz de tomar decisões morais, a ameaça de guerra terá passado” (Isaías 7:15 - B.L.Contemporânea)

A verdade do nascimento virginal de Cristo está implícita através das Escrituras, portanto não precisa ser confirmada exatamente por uma palavra hebraica de Isaías 7:14.

Se a tradução de almah por virgem cria um problema de natureza teológica, por não poder ser aplicável no tempo de Isaías; outro problema nada inferior a este seria se Isaías houvesse usado a palavra bethulah para outra ocorrência além do nascimento virginal de Cristo.

Se os analistas bíblicos defendessem que Isaías 7:14 profetizava um nascimento virginal milagroso naquele tempo, teriam também de aceitar que esta criança teria a mesma natureza divino-humana e o mesmo poder que Jesus possuía.

O estudo atento do texto hebraico e das várias interpretações propostas nos leva à conclusão de que em Isaías 7:14 temos uma profecia messiânica.

Este texto deve ser incluído entre as profecias messiânicas pelo princípio do duplo cumprimento comum a muitas profecias bíblicas, como nos confirma outro exemplo de Isaías.

A origem e queda de Lúcifer são descrita apenas duas vezes na bíblia. A primeira por Isaías, contra a Babilônia (Is 14.11-23), e, a segunda, por Ezequiel, quando ele repreende duramente o rei de Tiro (Ez 28.11-19). Essas duas passagens, apesar de também existir um contexto histórico, contam-nos a maior parte do que sabemos sobre a queda de Satanás.

Da mesma forma, a promessa a respeito do Emanuel teve uma aplicação imediata e primária na libertação temporária de Judá nos dias de Acaz, mas, depois de 730 anos, teve uma aplicação secundária de livramento perpétuo de outro inimigo - Satanás, que através da encarnação de Cristo, iniciou o período da graça para a salvação espiritual e reconciliação do homem com Deus.

Apesar de parecer uma curiosidade secundária, é necessária nestes dias onde muitos apóstatas usam a própria Bíblia para descredenciá-la. Conhecendo a verdade, você não será confundido.

 

6 – Algumas de suas Profecias

 

O cumprimento das inúmeras profecias bíblicas a respeito dos reis Nabucodonosor, Ciro e Alexandre — o Grande, das nações do Egito, Assíria e Babilônia, das cidades de Tiro e Sidom e especificamente acerca de Israel e Jerusalém, constitui-se uma prova incontestável da origem, inspiração e autenticidade divinas dos oráculos dos antigos profetas hebreus. Isso sem falar no tema principal das profecias do Antigo Testamento — o Senhor Jesus Cristo, em seus dois adventos — do qual uma grande parte teve cumprimento na vida, obra e ministério terreno do Filho de Deus. Devido à relevância de tal assunto, vamos analisar as profecias registradas em Isaías e seus respectivos cumprimentos.

 

Isaías 1: 10-31

Sentença de Judá

2 Reis 25: 1-26

Isaías 7:14

O nascimento do Emanuel

Mateus 1:18-23

Isaías 8:14

Pedra de Tropeço

Romanos 9: 31-33

Isaías 9: 6-7

Descendente de Davi

Mateus 1:1

Isaías 22:22

Ele terá a Chave de Davi, Reinado Eterno

Apocalipse 3:7;

Lucas 1:31-33

Isaías 25:8

Vencerá a morte

Lucas 24: 1-12;

1 Coríntios 15:54

Isaías 28:16

Pedra angular

1 Pedro 2:6-8;

1 Coríntios 3:11

Isaías 35:5-6

Os doentes serão curados

Mateus 11:5

Isaías 44:26

Libertação de Israel

Esdras 1:1

Isaías 53:1

Não teria crédito

João 7:5, 46; 12:37-38; Romanos 10:16;

Mateus 3:21

Isaías 53:2-3

Seria desprezado

Lucas 2:7;

João 1:10-11

Isaías 53:5-6

Levaria os nossos pecados

1 Pedro 2:24-25

Isaías 53:9

Sepultado entre os ricos

Mateus 27:57-60

Isaías 53:12

Tratado como criminoso

Marcos 15:27-28

Isaías 61:1

Enviado de Deus

Lucas 4:21

 

7 – Uma Pequena Análise de Isaías 53

 

Deve-se pedir a todo judeu que afirma crer em Isaías como profeta de Deus, mas nega que Jesus é o Messias, que explique Isaías 53.  De quem o profeta estaria falando senão de Jesus? 

Ao longo dos séculos, os judeus que rejeitaram a Jesus não procuraram um salvador sofredor, mas Isaías claramente descreve um Messias que seria sacrificado pelos nossos pecados. 

Ao lermos Isaías 53, devemos ser levados a chorar de gratidão por compreendermos melhor o amor de Deus manifesto no dom de seu Filho.

Isaías profetizou dizendo que seria "mui desfigurado, mais do que... outro qualquer" (Isaías 52:14).  Quando refletimos em algumas das atrocidades da guerra de nossos dias, essa declaração pode parecer questionável à primeira vista.  Mas, quando nos recordamos de sua vida na terra do começo ao fim, não pomos em dúvida que as infâmias sofridas pelo Filho de Deus ultrapassaram o que qualquer outro homem jamais sofreu.

"Não tinha aparência nem formosura" (Isaías 53:2).  Isso não trata simplesmente de seu aspecto físico, pois o Novo Testamento não nos diz nada a esse respeito.  Mas ele abandonou a glória que tinha junto ao Pai por uma vida sem nada do que normalmente atrai as pessoas a seguir alguém, como riquezas e notoriedade política. 

"De Nazaré pode sair alguma cousa boa?" (João 1:46).  "Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens" (Isaías 53:3).  Nem mesmo o seu próprio povo o recebeu (João 1:11).  A cruz não foi a primeira tentativa para matá-lo.  As autoridades judaicas tentaram várias vezes, mas não poderiam matá-lo até que sua hora chegasse (João 12:23-28). 

Era "homem de dores" (Isaías 53:3-4).  Ele chorou por causa de Jerusalém, que escondeu assim seu rosto dele.  Na noite em que foi traído, ele disse como sua alma era "profundamente triste(Mateus 26:36-41). 

"Por juízo opressor foi arrebatado" (Isaías 53:8).  Buscaram falsas testemunhas; três vezes Pilatos declarou sua inocência; e mesmo o ladrão na cruz disse:  "Este nenhum mal fez".

 

8 – A Profecia da Restauração de Jerusalém

 

Esta profecia está em Isaías 44:28, que diz o seguinte: “Quem diz de Ciro: É meu pastor, e cumprirá tudo o que me apraz; dizendo também a Jerusalém: Sê edificada; e ao Templo: Funda-te. Eu despertarei a Ciro na minha retidão: Endireitarei todos os seus caminhos. Ele reedificará a minha a minha cidade, e soltará os meus cativos não por preço nem por presentes, diz o Senhor dos exércitos”.

Esta profecia foi feita por Isaías aproximadamente no ano de 712 a.C. Esta data é muito importante porque Ciro só veio a existência 150 anos depois. Deus já havia revelado ao profeta o nome do libertador de Israel do cativeiro Babilônico um século e meio antes do próprio libertador nascer.
Acredita-se que Ciro nasceu em torno do ano 600 a.C. Ele é conhecido por ser o grande conquistador da Babilônia, que nessa época era o maior império do mundo.  Ciro governou Babilônia de 539 a.C até a sua morte, em 530 a.C. Foi o fundador do império Persa.

Xenofonte, escritor moralista grego, que viveu em torno dos anos 430 a 335 a.C escreveu um livro
sobre Ciro que recebeu o nome de Ciropédia, onde Ciro aparece como um soberano modelo. Ciro é descrito por Xenofonte como o primeiro imperador a lançar bases para um império mundial. Há um documento conhecido como “O cilindro de Ciro”. Este cilindro foi descoberto no século XIX, e retrata Ciro como um político politeísta, um homem benévolo, que tinha misericórdia dos cativos.

Na profecia feita por Isaías Deus o chamou de “o meu pastor”. E por quê?

A Ciro cabia realizar uma grande obra, libertar o povo de Israel, que estava cativo na Babilônia e permitir que o local de adoração do verdadeiro Deus em Jerusalém fosse restaurado. Ciro estava conquistando o mundo tendo juntado com ele os exércitos da Média e da Pérsia. A história nos relata o seguinte:

 

No ano 539 a.C. Ciro II (também conhecido como Ciro, o Grande), capturou Babilônia. Ele entrou na cidade quando a população inteira, dependendo das muralhas impenetráveis que a cercavam, entregava-se à festividade e ao deboche, durante um período de festejos. Heródoto informa-nos que Ciro havia anteriormente feito secar o Palacopas, um canal que atravessava a cidade de Babilônia, levando as águas supérfluas do Eufrates para o lago de Nitocris, a fim de desviar o rio para ali. Assim o rio baixou de nível, e os soldados puderam penetrar na cidade através do leito quase seco” (Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia vol.1 pg.424).

 

Numa noite Belsazar, o líder dos caldeus, estava dando uma festa e depois de beber muito vinho, ordenou que os vasos sagrados que seu avô havia trazido de Jerusalém para Babilônia fossem levados a sua presença, porque ele queria beber vinho nestes vasos. Enquanto praticava este ato profano, uma mão começou a escrever algo misterioso na parede do palácio. O riso acabou e todos pararam de beber. A mão continuava a escrever. Daniel foi chamado e a sentença foi dada. Acabara-se o reino babilônico.

Foi bem aí que os soldados invadiram o palácio e Belsazar foi morto. Ciro começou a reinar em Babilônia. Daniel foi convidado a permanecer no palácio. Eu creio que num momento qualquer Daniel levou os escritos sagrados de Isaías e leu para o novo rei. Ali estava profetizada a sua ascendência ao poder, 150 anos atrás.

Daniel deve ter destacado que além de na profecia mencionar o nome do rei, também indicava o que deveria fazer em favor do povo de Deus que estava preso na Babilônia, e pela cidade de Jerusalém.
Ciro iria proporcionar o retorno dos Judeus a Jerusalém e criaria meios para que a cidade e o Templo fossem reconstruídos. Os judeus receberam, então, uma primeira autorização para retornar a Palestina, mas infelizmente nessa ocasião poucos desejaram retornar.

O que deve ocupar a nossa atenção, é que Deus está no controle das nações.  Se nós observarmos a história veremos a queda de uma nação e o surgimento de outra. Quem está produzindo isto?

O objetivo desta profecia é mostrar que Deus está no comando das nações. Foram dadas as Nações o privilégio de cumprir os propósitos de Deus ou não. Elas existem como servas de Deus. Quando deixam de cumprir o seu papel, elas caem.

 

9 - Conclusão

 

O Livro de Isaías revela o juízo e salvação de Deus. Ele não pode permitir a impunidade do pecado (Is 1:2; 2:11-20; 5:30; 34:1-2; 42:25).

Ao mesmo tempo, Isaías compreende que Deus é um Deus de misericórdia, graça e compaixão (Is 5:25; 11:16; 14:1-2, 32:2, 40:3, 41:14-16). A nação de Israel (Judá e Israel) é cega e surda aos mandamentos de Deus (Is 6:9-10, 42:7). Judá é comparada a uma vinha que deve ser, e será, pisoteada (Is 5:1-7). Só por causa de Sua misericórdia e promessas a Israel, Deus não permitirá que Israel e Judá sejam completamente destruídos. Ele vai trazer tanto a restauração e perdão quanto a cura (43:2, 43:16-19, 52:10-12).

Mais do que qualquer outro livro no Antigo Testamento, Isaías concentra-se na salvação que virá através do Messias. O Messias um dia governará com justiça e retidão (Is 9:7; 32:1). O reino do Messias trará paz e segurança a Israel (Is 11:6-9). Através do Messias, Israel será uma luz para todas as nações (Is 42:6; 55:4-5). O reino do Messias sobre a terra (Is 65 e 66) é o objetivo para o qual aponta o Livro de Isaías. É durante o reinado do Messias que a justiça de Deus será plenamente revelada para o mundo.

Em um aparente paradoxo, o Livro de Isaías também apresenta o Messias como àquele que vai sofrer. Isaías capítulo 53 descreve vividamente o Messias sofrendo pelo pecado. É através de Suas feridas que a cura é alcançada. É através de Seu sofrimento que as nossas iniquidades são removidas. Esta aparente contradição é resolvida na Pessoa de Jesus Cristo. Em Sua primeira vinda, Jesus foi o servo sofredor de Isaías capítulo 53. Em Sua segunda vinda, Jesus será o Príncipe da Paz e ocupará o Seu cargo de Rei (Is 9:6).

 

Curiosidade:

Isaías também descreve a terra como circular (Is 40:22), o que gerou interpretações modernas sobre o significado. Porém, um círculo não é uma esfera. Os católicos acreditavam que a terra era achatada, de formato redondo.


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