5º Livro Poético - Cantares de Salomão

Autor: De acordo com o primeiro versículo, Salomão escreveu o Livro de Cantares de Salomão. Este cântico é um dos 1.005 que Salomão escreveu (1 Reis 4:32). Um dos títulos deste livro, "Cântico dos Cânticos", é um superlativo, ou seja, serve para indicar que este é o melhor.

Data: Salomão provavelmente escreveu esse cântico durante a primeira parte de seu reinado. Isso colocaria a data de composição por volta de 965 AC.

Local: Jerusalém

 

 As muitas águas não poderiam apagar o amor, nem os rios, afogá-lo... (Ct 8:7a)

1 – Introdução

 

Salomão escreveu três livros: Quando jovem, entre 28 a 30 anos – escreveu: Cantares, o mais excelente dos Cânticos. No ápice de sua sabedoria, sua segunda obra: Provérbios, onde encontramos uma profundidade de conhecimento, na qual não encontramos em nenhum outro livro. Já no fim de sua vida, chegando ao fim de seus dias, o seu reino estava uma catástrofe, por haver abandonado o por causa das mulheres estrangeiras que contraiu matrimônio e seus deuses que havia entrado em Israel, quando escreveu sua terceira obra: Eclesiastes.

O livro de Cantares é muito importante para os judeus. Em cada uma de suas festas, tem uma tradição de se ler um determinado livro do Tanask. Por exemplo: na festa da colheita é lido o livro de Rute diante de toda nação de Israel, na festa do Purim é lido o livro de Ester. Mas no oitavo dia após á Páscoa, o Rabino abre a Escritos e lê o livro de Cantares, batem a mão no peito e dizem:

 

O livro de Cantares não foi escrito apenas, para demonstrar o amor de Salomão pela Sulamita, e sim para demonstrar o amor de Deus pela nação de Israel.

 

1 Rs 4.32 nos garante que Salomão escreveu 1005 Cânticos dos quais Cantares é considerado o cântico dos cânticos, e 3.000 provérbios, que não estão todos alistados em seu livro Provérbios.

2 – Contexto do Livro

 

O livro de Cantares não é um cântico qualquer, mas é o “Cântico dos Cânticos”, ou seja, “o melhor dos cânticos”, “o mais importante dos cânticos” de Salomão. O rabino Aquiba (morto em 135 d.C.) disse acerca desse cântico: 

No mundo inteiro não há algo que se compare ao dia em que Cantares de Salomão foi dado a Israel. Todos os escritos são santos, mas Cantares de Salomão é santíssimo.

 

Cantares é um dos menores livros da Bíblia. Tem oito capítulos e 117 versículos. Mas apesar de pequeno, e de difícil interpretação, é bastante popular entre judeus e cristãos.

Esse livro está classificado no gênero literário Literatura Sapiencial, ou Literatura de Sabedoria – gênero que apresenta a filosofia ou a maneira de viver do povo hebreu e de outros povos do Oriente Próximo.

Os personagens principais de Cantares são o amado (talvez Salomão) e a amada, chamada de Sulamita – esta talvez seja Abisague, a Sunamita, moça de Suném, vilarejo da Galiléia, a mesma que cuidou do rei Davi quando ele estava idoso. Essa moça foi causa de briga entre Salomão e seu irmão Adonias, resultando na sua morte, conforme lemos em 1 Rs 1:1-4; 2:13-25. A troca do nome “Sunamita” para “Sulamita” teria se dado para combinar com “Salomão”. Em hebraico “Salomão” e “Sulamita” têm a mesma raiz (shlm). No entanto, entre esses dois personagens principais quem mais se destaca é a amada. É ela quem toma a iniciativa e mais aparece no livro (dos 117 versos, 55 saem diretamente dos lábios dela). Como personagens secundários, aparecem ainda os guardas (5:7) e as “filhas de Jerusalém” (5:8), que fazem o coro.

Cantares celebra a dignidade e a pureza do amor conjugal, é didático e moral em seus propósitos. Chega até nós neste mundo pecaminoso, em que a luxúria e a paixão mostram-se por toda parte, em que tentações ferozes nos assaltam e tentam prostrar-nos, quebrando o padrão de matrimônio dado por Deus. Cantares nos lembra de maneira particularmente bela como é puro e nobre o verdadeiro amor.

3 – Conteúdo do Livro

 

a) Personagens

 

- Uns veem Salomão e a moça Sulamita.

- Outros veem Salomão, a moça Sulamita e seu namorado pastor de ovelhas.

b) História

 

- Salomão teria vívido esse romance em sua vida real?

- Salomão teria se casado com uma plebeia?

- Ele teria feito rainha uma camponesa?

- Por que não há registro dessa história em Reis e Crônicas?

- Quem teria sido a moça?

- Seria uma dedicação de Salomão a sua primeira esposa (a Filha de Faraó)?

- Seria uma ideia de amor ideal de Salomão?

- Seria um relato de amor de um hebreu qualquer?

 

c) Suposições

 

O escritor Dr. Hass diz: Salomão foi visitar sua vinha no norte e lá conheceu uma donzela Sulamita (de Sulém). Bela e gentil, ele se apaixona. Como ela não o quer de início, ele volta mais tarde disfarçado de pastor e a conquista. Depois volta e a leva para Jerusalém, onde se casa com ela e a transforma em rainha.

O Psicólogo Ocir de Paula Andreata diz:

Salomão se apaixona por Abisague, a moça formosa de Sulém (1 Rs 2.13-25), antes de ser rei, quando a viu no palácio de seu pai Davi; não se casou com ela por ser plebeia e camponesa, daí idealizou em sua mente um romance ideal.

 

Fatos Interessantes:

 

·         Assuntos não mencionados:

Nenhum dos nomes de Deus, com essa exceção em algumas versões da Bíblia - “Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço; porque o amor é forte como a morte; o ciúme é cruel como o Seol; a sua chama é chama de fogo, verdadeira labareda do Senhor.” (Ct 8,6) – 

Pecado;

Culto de Israel;

Nem alusão a outro livro do Antigo Testamento.

·         O único livro dedicado completamente ao amor conjugal, romântico e sexual.

·         O nome Salomão (Shalom = paz) e Sulamita (Shalam-zion = pacífica), é sinônimo. Seria o casamento do “pacificador” e da “pacificadora”. O casamento deve ser edificado sob o Shalom de Yahweh (a paz de Deus)

 

4 – Princípios de Cantares para o Crescimento Espiritual

4.1 – Princípios da Pureza Moral:

 

Manter a pureza sexual até o casamento é a chave para o estabelecimento de um vigoroso casamento cristão.

Em vista da predominante aceitação por parte da sociedade do comportamento sexual imoral, é de grande importância que o santo povo de Deus renuncie à impureza e faça um renovado esforço para reconstrução de um compromisso com a pureza moral na igreja. 

 

Beija-me com os beijos de tua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho. Suave é o aroma dos teus unguentos, como unguento derramado é o teu nome; por isso, as donzelas te amam. Leva-me após ti, apressemo-nos. O rei me introduziu nas suas recamaras. Em ti nos regozijaremos e nos alegraremos; do teu amor nos lembraremos, mais do que do vinho; não é sem razão que te amam. (Ct 1:2-4)

 

Compreenda que os desejos físicos por sua esposa ou esposo são inteiramente apropriados.

 

Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, pelas gazelas e cervas do campo, que não acordeis, nem desperteis o amor, até que este o queira. (Ct 2:7; 3:5)

 

Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, que não acordeis, nem desperteis o amor, até que este o queira. (Ct 8:4)

 

Refute qualquer envolvimento sexual antes do casamento, sabendo que:

·         isto diminui a realização sexual dentro do matrimônio,

·         isto compromete a objetividade necessária em importantes avaliações e decisões pré-maritais,

·         isto enfraquece seriamente a habilidade de um casal para fazer os ajustes sexuais necessários dentro do casamento.

Temos uma irmãzinha que ainda não tem seios; que faremos a esta nossa irmã, no dia em que for pedida? Se ela for um muro, edificaremos sobre ele uma torre de prata; se for uma porta, cercá-la-emos com tábuas de cedro. Eu sou um muro, e os meus seios, como as suas torres; sendo eu assim, fui tida por digna da confiança do meu amado. Teve Salomão uma vinha em Baal-Hamom; entregou-a a uns guardas, e cada um lhe trazia pelo seu fruto mil peças de prata. A vinha que me pertence está ao meu dispor; tu, ó Salomão, terás os mil siclos, e os que guardam o fruto dela, duzentos. (Ct 8:8-12)

 

Famílias cristãs: envolvam-se no desenvolvimento da moralidade sexual de seus filhos. Encorajem e apoiem a pureza e virgindade sexual deles. Construam defesas contra tentativas de seduzi-los em sua retidão sexual. Valorize grandemente a virgindade! Nunca duvide do valor inestimável de ser capaz de presentear ao seu esposo ou à sua esposa o seu corpo e alma, totalmente não corrompido e mantido pura pra ele/ela.

 

4.2 – Conselho para Casais e Namorados

 

Aprendemos princípios para a pureza moral, vamos ao conselho para casais de namorados que encontramos no livro de Cantares e que nos ajudam no crescimento espiritual.

Usar o namoro proveitosamente minimiza as dificuldades no casamento.

Muitos casais entram no matrimônio despreparado para lidar com as coisas que eles enfrentarão.

Embora curto e indireto, o conselho dado por Salomão e pela Sulamita deveria ser observado cuidadosamente por aqueles que estão se preparando para o casamento.

 

Dize-me, ó amado de minha alma: onde apascentas o teu rebanho, onde o fazes repousar pelo meio-dia, para que não ande eu vagando junto ao rebanho dos teus companheiros? (Ct 1:7)

 

Compreenda que é da maior importância que nós aprendamos a conhecer e aceitar o nosso futuro cônjuge como ele é. Aceite como sendo um pensamento errado qualquer plano secreto para mudar aquela pessoa. 

Se tu não o sabes, ó mais formosa entre as mulheres, sai-te pelas pisadas dos rebanhos e apascenta os teus cabritos junto às tendas dos pastores. (Ct 1:8)

 

Saiba que é melhor não levar adiante planos de casamento do que casar com alguém que você não consegue aceitar do jeito que é. 

Dedique tempo para identificar e resolver possíveis problemas no seu casamento.  Encare-os com honestidade e franqueza.

As muitas águas não poderiam apagar o amor, nem os rios, afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens da sua casa pelo amor seria de todo desprezado. (Ct 8:7)

Determine-se a edificar no casamento um compromisso vigoroso, inquebrável, de um para com o outro.

4.3 – Princípios para um Casamento Duradouro

 

Um casamento bem sucedido é resultado de hábitos disciplinados que têm sido provados através dos séculos por um incontrolável número de casais cujo amor e compromisso foram fortalecidos e ficaram mais apaixonados.

Quando hoje em dia o ambiente cultural guerreia contra o casamento cristão – procurando redefinir, diluir e iludir o nosso entendimento sobre essa instituição divina – é essencial recuperar estes princípios dinâmicos. Naturalmente, o primeiro lugar para onde se deve olhar é a Palavra de Deus. E há lugar mais apropriado do que o cântico de amor de Deus?

 

Como é formosa, querida minha, como é formosa! Os teus olhos são como os das pombas e brilham através do teu véu. Os teus cabelos são como o rebanho de cabras que descem ondeantes do monte de Gileade. São os teus dentes como o rebanho das ovelhas recém-tosquiadas, que sobem do lavadouro, e das quais todas produz gêmeo, e nenhuma delas há sem crias. Os teus lábios são como um fio de escarlata, e tua boca é formosa; as tuas faces, como romã partida, brilham através do véu. O teu pescoço é como a torre de Davi, edificada para arsenal; mil escudos pendem dela, todos broquéis de soldados valorosos. Os teus dois seios são como duas crias, gêmeas de uma gazela, que se apascentam entre os lírios. Antes que refresque o dia, e fujam as sombras, irei ao monte da mirra e ao outeiro do incenso. Tu és toda formosa, querida minha, e em ti não há defeito. (Ct 4:1-7)

 

Cônjuges: aprendam a arte perdida do amor verbal.

Aprendam a dizer palavras de amor que acariciam a alma do seu/sua marido/esposa.
Já entrei no meu jardim, minha irmã, noiva minha; colhi a minha mirra com a especiaria, comi o meu favo com o mel, bebi o meu vinho com o leite. Comei e bebei, amigos; bebei fartamente, ó amados. (Ct 5:1-2)

 

Entenda e creia que o Senhor continua a ver o relacionamento sexual dentro da santidade do casamento como “muito bom” e o abençoa.

 
Formosa é, querida minha, como Tirza, aprazível como Jerusalém, formidável como um exército com bandeiras. Desvia de mim os olhos, porque eles me perturbam. Os teus cabelos descem ondeantes como o rebanho das cabras de Gileade. São os teus dentes como o rebanho de ovelhas que sobem do lavadouro, e das quais todas produz gêmeo, e nenhuma delas há sem crias. (Ct 6:4-13)

 

As tuas faces, como romã partida, brilham através do véu. Sessenta são as rainhas, oitenta, as concubinas, e as virgens, sem número. Mas uma só é a minha pomba, a minha imaculada, de sua mãe, a única, a predileta daquela que a deu à luz; viram-na as donzelas e lhe chamaram ditosa; viram-na as rainhas e as concubinas e a louvaram. (Ct 6:4-7) 

Exaltem no casamento, as virtudes do seu cônjuge acima das virtudes de outros.

“Eu sou do meu amado, e ele tem saudades de mim. Vem, ó meu amado, saiamos ao campo,  passemos as noites nas aldeias. Levantemo-nos cedo de manhã para ir às vinhas; vejamos se florescem as vides, se se abre a flor, se já brotam as romeiras; dar-te-ei ali o meu amor. As mandrágoras exalam o seu perfume, e às nossas portas há toda sorte de excelentes frutos, novos e velhos; eu tos reservei, ó meu amado.” (Ct 7: 10-13)

5 – Conclusão

 

O que podemos ver atualmente é o desprezo por este livro em sua mensagem central que é ressaltar a atividade sexual em sua forma lícita de prática. Logo, este livro pode ser utilizado para falar mais abertamente sobre o que é lícito ou não em relação ao sexo, pois suas revelações nesta área são muitas, apesar da difícil assimilação por causa dos símbolos utilizados no livro.

Por exemplo, o “jardim fechado” citado no cap. 4 e v. 12 é visto como uma referência à virgindade da noiva, podendo ser usada para defender a pureza sexual de nossos jovens antes do casamento.

Muitas são as contribuições deste livro para a igreja e o apelo é para que olhemos para ele com mais cuidado e para que aproveitemos tudo o que nos pode oferecer, afinal, “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça,” (2 Tm 3.16).