4º Livro Poético - Eclesiastes
Autor: Salomão
Data: Provavelmente
escrito no final do seu reinado, em aproximadamente 935 AC.
Local: Jerusalém
Palavra-Chave: Sabedoria
“Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade,
antes que venham os maus dias,cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho neles
prazer.” (Eclesiastes 12:1)
1 – Introdução:
“Eclesiastes” é uma tradução da palavra hebraica koheleth,
significando “aquele que reúne a comunidade” ou “assembleia”, convencionalmente
traduzida por “Pregador”. O termo “Eclesiastes” foi usado pela Septuaginta,
tradução grega da Bíblia, e pela Vulgata, tradução latina.
A palavra igreja, curiosamente, também veio dessa radical grega
“ECLESIA”[1], que também significa
“ajuntamento” ou “assembleia”.
A tradição judaica atribui ao rei Salomão a autoria do livro, pois este se
declara filho de Davi (1.1), diz ter reinado em
Jerusalém (1.12), se refere a grande
sabedoria (1.16) e a riqueza inigualável (2.4-9).
2 – Contexto do Livro
Em Eclesiastes, Salomão se dedica a encontrar sentido
na vida.
Ele pensa e se dedica as obras sociais, e descobre
que isso também não tem sentido. Então se dedica à sabedoria, literatura,
escrita, meditação, e descobre que depois de um tempo isso não o satisfaz mais.
E então se dedica à generosidade, e depois ao asceticismo, e depois a outra
coisa, e outra, e no fim nada o satisfazem definitivamente. E sua conclusão, no
fim de tudo isso, ele chega no capítulo 12, olhando para sua vida, as várias
coisas que tentou fazer, e seu esforço de buscar prazer, sentido, realização, e
escreve:
Lembra-te do teu
Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os
anos dos quais dirás: ‘Não tenho neles prazer’ (vs 1); “De tudo o que se tem
ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os
seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer
a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer
sejam más (vs 13-14).
Ou seja, quando ele finalmente chega à sua visão
teológica, numa visão de que temos de viver à luz do fim, encontra a significado
para sua vida, quando percebeu que prestaremos conta a Deus de tudo em nossas
vidas.
Conforme envelhecemos, sentimos em nossos corações e mentes
que tem que haver algo mais; tem que haver algo mais satisfatório, tem que
haver algo maior. Nós fomos feitos para Deus, e nossas almas estarão inquietas
até que o conheçamos.
O livro é uma autobiografia dramática das
experiências e reflexões de Salomão no tempo em que andou afastado da comunhão
com Deus. Salomão pode ter sido sábio, mas não aplicou sua própria sabedoria.
Eclesiastes tem origem no trágico pecado que Salomão cometeu ao abandonar Deus
e buscar satisfação na filosofia e na ciência, nas especulações e no pensamento
humano. A conclusão que tudo é vaidade e aflição de espírito, por conseguinte é
inevitável, e a mensagem de Eclesiastes é que a vida longe de Deus é cheia de
canseira e desapontamentos.
3 - Citações do Pregador
·
Espalhar e juntar pedras (3.5). As pedras de um campo eram retiradas para que o agricultor pudesse
usá-lo com objetivos agrícolas. Costumava-se atirar pedras no campo de um
inimigo para que as plantações fossem prejudicadas.
·
Todos vão para o mesmo lugar (6.6). Na visão israelita a escolha não era céu ou
inferno, mas vida ou morte. Este versículo fala sobre o destino humano e,
portanto, o lugar aonde todos iam era o Sheol, a sepultura.
·
Pão sobre as águas (11.1). O texto sugere que uma boa ação espontânea não é garantia de
reciprocidade, mas a certeza de que o que vai sempre volta.
4 - Conclusão
Para
todas as vaidades descritas no livro de Eclesiastes, a resposta é Cristo.
De
acordo com Ec 3:17, Deus julga os justos e os ímpios, e os justos são
apenas aqueles que estão em Cristo (2 Co 5:21). Deus colocou o desejo pela eternidade em
nossos corações (Ec 3:11) e tem providenciado o Caminho da vida eterna
através de Cristo (Jo 3:16). Somos lembrados de que ir atrás da riqueza do
mundo não só é vaidade, porque não satisfaz (Ec 5:10), mas mesmo se
pudéssemos alcançá-la, sem Cristo perderíamos nossas almas e que proveito há
nisso? (Mc
8:36). No
fim das contas, cada decepção e vaidade descrita em Eclesiastes encontram a sua
solução em Cristo, na sabedoria de Deus e no único verdadeiro significado a ser
encontrado na vida.
Eclesiastes
oferece ao cristão a oportunidade de compreender o vazio e o desespero com os
quais aqueles que não conhecem a Deus têm que lidar. Aqueles que não têm uma fé
salvadora em Cristo se deparam com uma vida que no fim das contas vai acabar e
tornar-se irrelevante. Se não há salvação, e não há Deus, então não existe
nenhum sentido, propósito ou direção para a vida.
O
“mundo debaixo do sol[2]”,
longe de Deus, é frustrante, cruel, injusto, breve e total “vaidade”. No
entanto, com Cristo a vida é apenas uma sombra das glórias por vir em um
paraíso que só é acessível por meio dEle.
[1]
Nome grego dado à instituição democrática da Assembleia do povo, que atuava no
âmbito da política externa e detinha poderes de governação relativos à
legislação, judiciais e executivos, decidindo, por exemplo, a destituição de
magistrados. A Eclésia fiscalizava também todos aqueles que ocupavam postos de
poder, de modo a que não abusassem do mesmo e desempenhassem as suas
incumbências o melhor possível.
[2]
a expressão “debaixo do sol” denota aquilo em que podemos ver sobre nosso
horizonte. O que está além do sol, isso não vê; é mistério. Portanto, estar
“debaixo do sol” significa estar na dimensão da vida, daquilo que é tangível.
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