6º Livro Histórico - 1 e 2 Crônicas

Data: Retrata o período da criação até 539 a.C.

Autor: Anônimo. A tradição judaica diz que 1 e 2 Crônicas foram escritos por Esdras

Local: Palestina, Babilônia e Assíria

Palavras-Chave: Recordação e Avaliação

 

Agora, por tua bondade, abençoa a família de teu servo, para que ela continue para sempre na tua presença; pois o que tu, Senhor, abençoas, abençoado está para sempre. (1 Cr 17:27)

Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, buscar a minha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei, perdoarei o seu pecado e curarei a sua terra. (2 Cr 7:14)

1 - Introdução

 

Como os livros de Samuel e Reis, 1 e 2 Crônicas formavam originariamente um único volume. O texto foi dividido em 2 livros quando o texto hebraico original foi traduzido para o grego. Os livros de 1 e 2 Crônicas foram escritos após o exilio babilônico para que a nova geração conhecesse a história do povo de Israel desde o início, numa tentativa de que essa nova geração não incorresse no pecado de seus antepassados. Por isso, este livro começa com um registro detalhado das genealogias das tribos de Israel, traçando sua linhagem desde Adão até os últimos reis da dinastia de Davi no Antigo Testamento. Apresentando também, detalhes das genealogias dos levitas, a tribo encarregada das responsabilidades do serviço sacerdotal e das coisas consagradas a Deus.

Observamos nesta ênfase que as tribos de Judá e Levi detinham a autoridade concedida por Deus, tanto no governo civil como na liderança espiritual, pois Deus os escolheu como responsáveis dando ao povo a obrigação de respeitá-los em suas posições.

Para reconstruir a história, dando ao povo judeu a esperança no futuro, o autor de Crônicas selecionou apenas os fatos positivos dos reis de Judá, praticamente excluiu as narrativas do reino do Norte e os pecados de Davi e a apostasia de Salomão. O autor também se utilizou de fatos não narrados em Samuel e Reis (2 Cr. 33:18-20).

 

2 – Sobre o Autor

 

A tradição judaica considera Esdras como o autor dos livros das Crônicas. Pelo menos dois fatores tornam possível essa identificação:

1.    O livro fora escrito depois do exílio babilônico dos judeus, próximo à época do ministério de Esdras.

2.    Muitas passagens em Crônicas compartilham das preocupações sacerdotais de Esdras.

 

Outras considerações lançam dúvidas sobre a teoria tradicional da autoria de Esdras. Já o registro cronológico da genealogia de Zorobabel em 1 Cr 3:17-21, nos deixa bem claro que a pessoa que escreveu o livro, viveu posteriormente a história, dando uma data estimada de escrita por volta do século V a.C.

 

3 - Estrutura e Conteúdo dos Livros

 

O livro de 1 Crônicas foi escrito depois do exílio para ajudar aqueles que estavam retornando a Israel a compreender como adorar a Deus. A história se concentrava no Reino do Sul - as tribos de Judá, Benjamin e Levi. Essas tribos tinham a tendência de ser mais fiéis a Deus

·         Capítulos 1:1-9:23 - Genealogias seletivas;

·         Capítulos 9:24-12:40 - A ascensão de Davi;

·         Capítulos 13:1-20:30 - Reino de Davi.

 

Os livros de Crônicas podem ser divididos literariamente da seguinte forma:

 

·         Genealogia desde Adão até os exilados que retornaram (1 Cr. 1 – 9)

·         Monarquia unida de Davi e Salomão (1 Cr. 10 – 2 Cr. 9)

·         Monarquia dividida de Judá (2 Cr. 10 – 36:16)

·         Exílio de Judá na Babilônia (2 Cr. 36:17-23)


Quando a monarquia em Israel foi extinta, os sacerdotes e levitas ficaram responsáveis pela administração da nação e o cronista pensou que esta classe social restabeleceria a teocracia em Israel, mas não foi o que aconteceu. Por isso Malaquias censura os sacerdotes por não cumprirem com suas funções sagradas (Ml. 1:6 – 2:9).


4 - A Importância da Genealogia Bíblica

 

A Bíblia é recheada de genealogias. Esse era o registro civil comum na antiguidade que perdurou até a Idade Média no mundo, o que nos permitiu conhecer muito dos personagens que compuseram a história bíblica. Era fundamental ter esse registro para que as funções de levita e sacerdote fossem feitas adequadamente e até mesmo para que hoje pudéssemos ter a comprovação de que Jesus era descendente de Davi, o Messias prometido.

Genealogia é uma lista onde consta a árvore genealógica de alguma família. Normalmente as pessoas acham bem cansativo ler as genealogias, mas estudá-las nos ajuda a enxergar melhor a história bíblica e o contexto de seus personagens.

Estudando as genealogias conseguimos verificar que Adão conviveu com o pai de Noé, Lamaque. Isso se deu, por causa da quantidade de dias em que os personagens antigos viviam naquela época, e a genealogia datada, deu-nos a oportunidade de estudar e observar estes detalhes da história bíblica.

Esse fato nos ajuda a entender como os relatos orais conseguiram se manter fiel até que alguém os tenha escrito. Afinal, Adão estava ali para contar a história exatamente como ocorreu e evitar distorções.

 

Adão era da idade de 130 anos quando Sete nasceu

Adão era da idade de 235 anos quando Enos nasceu

Adão era da idade de 325 anos quando Cainã nasceu

Adão era da idade de 395 anos quando Maalaleel nasceu

Adão era da idade de 460 anos quando Jarede nasceu

Adão era da idade de 622 anos quando Enoque nasceu

Adão era da idade de 687 anos quando Matusalém nasceu

Adão era da idade de 874 anos quando Lameque nasceu

 

Lameque era da idade de 56 anos quando Adão morreu.

Matusalém e Lameque puderam receber a história da criação diretamente de Adão.

Lameque foi o pai de Noé.

Noé foi a nona geração desde Adão.

Matusalém poderia ter passado a história da criação de Adão para os filhos de Noé, Cão, Sem e Jafé, que eram da idade de 100 anos quando Matusalém morreu.

O dilúvio ocorreu no ano 600 da vida de Noé.

Da criação de Adão até o dilúvio, se passaram 1656 anos.

Noé viveu 350 anos após o dilúvio.

Abrão era da idade de 56 anos quando Noé morreu.

Sem viveu 500 anos após o dilúvio.

Jacó era da idade de 48 anos quando Sem morreu.

A história da criação e o relato do dilúvio poderiam ter vindo desde Adão até Matusalém, de Matusalém até Sem; e de Sem até Jacó.

Os doze filhos de Israel (Jacó) quando habitaram no Egito, conheciam a história muito bem.

Moisés que escreveu o relato da criação e do dilúvio pertenceu à terceira geração dos que estavam no Egito.

A mensagem poderia ter vindo de Adão até Matusalém, e então para Sem, depois para Jacó, em seguida para Levi e finalmente até Moisés. Este relato poderia ter chegado até Moisés vindo de boca em boca desde Adão, caminhando assim através de cinco gerações. Lembrando que na época de Moisés, alguns livros já haviam sido escritos pelo povo de Israel, pois a escrita cuneiforme nasceu na Mesopotâmia em 3.500 a.C em barras de argila, sendo aperfeiçoada no Egito em 2500 a.C com descrições em hieróglifos no papiro.

 

 


5 – Explicando 1 Crônicas 13

 

Quando Davi começou a reinar sobre Israel, a arca de Deus, construída no tempo de Moisés, símbolo da aliança de Deus e de sua presença no meio do Seu povo, estava a mais de vinte anos na casa de Abinadabe, de maneira provisória e precária. Davi, então, consultou o povo (e não a Deus) sobre como e de que maneira deveria buscar a arca.

Esse episódio na vida de Davi nos mostra o perigo de, na tentativa de agradar a Deus, o fazermos de modo incorreto, pois o resultado pode ser desastroso. E foi o que aconteceu com Davi. Ele fracassou em sua primeira tentativa justamente por desconhecer a maneira correta de fazê-lo.

Davi planejou o transporte da arca de Deus de modo que se tornasse um evento memorável. Convocou todo o povo de Israel. Preparou um carro de bois novo para o transporte da arca. Retirou a arca de Deus da casa de Abinadabe, seu irmão. Contou, para isso, com a ajuda dos dois filhos de Abinadabe, Uzá e Aiô, para conduzirem o carro. E todo o povo se alegrava e comemorava, pois fazia muito tempo que a arca de Deus estava abandonada. Tudo era motivo de regozijo e celebração.

Mas, de repente, os bois tropeçaram e a arca ameaçou cair do carro. Uzá, acostumado com aquela arca em sua casa há tantos anos, resolveu ampará-la para evitar que caísse. Naquele mesmo instante ele morreu.

Davi se desgostou muito da situação. Afinal ele estava cheio de boas intenções em trazer a arca, e não entendeu o motivo de Deus ter permitido que aquela tragédia acontecesse. O capítulo 13 de 1 Crônicas relata, no versículo acima, que “Davi temeu a Deus naquele dia“. O que era alegria se tornou em temor. E ainda restava uma grande dúvida para Davi: “Como trarei a mim a arca de Deus?

O capítulo 15 de 1 Crônicas mostra que Davi encontrou a resposta. E para isso ele se voltou para o único lugar seguro de se buscar a vontade de Deus: a sua Palavra. Consultando a Lei de Deus, descobriu que havia uma maneira adequada para se conduzir a arca de Deus. E não era em cima de um carro novo de bois, como havia copiado dos filisteus (1 Sm 6:1-21).

Davi descobriu que (1 Crônicas 15:2): “Ninguém pode levar a arca de Deus, senão os levitas, porque o Senhor os escolheu para levarem a arca de Deus, e para o servirem eternamente. E depois de reunir a liderança dos levitas, Davi deu a seguinte ordem (versículo 12):Santificai-vos, vós e vossos irmãos, para que façais subir a arca do Senhor, Deus de Israel, ao lugar que lhe tenho preparado.” E assim eles o fizeram. O versículo 15 relata que “os levitas trouxeram a arca de Deus aos ombros, pelas varas que nela havia, como Moisés tinha ordenado, conforme a palavra do Senhor.

Quando Deus ordenou que Moises construísse a arca com argolas, por onde passassem varas, era com um objetivo: ela deveria ser carregada nos ombros, por homens separados e santificados para essa função, pois os ombros exigiam santificação, aliança e certa medida de dedicação. Havia um preço a ser pago.

A falta de conhecimento da Palavra de Deus pode levar a cair em erros, ao imitarmos as “modas” ou “técnicas” usadas por pagãos em desacordo com a vontade de Deus.

 

6 – Conclusão

 

A obediência traz bênção, enquanto que desobediência traz o julgamento.

Os Livros de Crônicas, bem como os de Samuel e Reis, são uma crônica do padrão de pecado, arrependimento, perdão e restauração da nação de Israel.

Ao lermos Crônicas, somos convidados a avaliar cada geração do passado e discernir por que cada um foi abençoado por sua obediência ou punido por sua maldade. Mas também devemos comparar a situação dessas gerações à nossa, tanto em conjunto como individualmente. Se nós, a nossa nação ou nossa igreja, estamos passando por dificuldades, é para o nosso bem comparar nossas crenças, assim como a forma em que elas influenciam o nosso modo de agir, com as experiências dos israelitas sob os vários reis. Deus odeia o pecado e não vai tolerá-lo.

Se o livro de Crônicas nos ensina alguma coisa, é que Deus deseja perdoar e curar aqueles que humildemente oram e se arrependem. Deus é paciente conosco e perdoa nossos pecados quando nos aproximamos Dele em verdadeiro arrependimento (1 João 1:9).

Por isso, podemos ter conforto no fato de que Ele ouve a nossa oração, perdoa nossos pecados, restaura-nos à comunhão com Ele e nos coloca no caminho de júbilo.

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