5º Livro do Pentateuco - Deuteronômio

Data: 1422 a.C

Autor: Moisés

Local: Planície de Moabe, a leste do Rio Jordão.

Alvo: Nova Geração do Povo de Israel nascidos no deserto.

Palavra-Chave: Obediência

 

“Disse-lhes: Aplicai o vosso coração a todas as palavras que hoje testifico entre vós, para que as recomendeis a vossos filhos, para que tenham cuidado de cumprir todas as palavras desta lei. Porque esta palavra não vos é vã, antes é a vossa vida; e por esta mesma palavra prolongareis os dias na terra a qual, passando o Jordão, ides a possuir” (Dt 32:46-47).

 

1 – Introdução

 

Deuteronômio traz como tema a Renovação do Concerto. Contém os discursos que Moisés proferiu para a nova geração de israelitas nas campinas de Moabe, próximo ao Jordão, no limiar da Terra Prometida. A peregrinação no deserto chegava ao fim, e agora era só se preparar para entrar na Terra de Canaã.

O livro de Números abraça 38 anos da trajetória de Israel no deserto e Deuteronômio apenas um mês, o último da vida de Moisés. E sua preocupação final era forjar o povo para a nova terra lembrando suas responsabilidades diante de Deus, pois pretendia exortar os israelitas a recordar dos atos poderosos de Deus e de Suas promessas, além de crer e obedecer a Sua Palavra, dedicando-se a Ele de forma a honrá-lo de todo o coração.

O livro relata três discursos de Moisés. No primeiro ele reconta a história do êxodo e da desobediência do povo, razão porque não entrou na terra há 40 anos, logo que sairiam do Egito. A nova geração é conclamada a temer e obedecer a Deus. No segundo discurso Moisés recapitulou muitas leis do concerto e no terceiro enfatizou bênçãos e maldiçoes decorrentes da obediência ou da desobediência ao Senhor.

 

2 - Título do Livro

 

Os hebreus o chamam de “são estas as palavras” ou “palavras”, numa menção aos três sermões de Moisés ao povo antes de sua morte. A septuaginta o chamou de deuteronômio, que significa “repetição da lei”, o que também foi adotado pela vulgata Latina.

Na língua hebraica, a palavra traduzida como “Lei” em português é a palavra Toráh.  Esta palavra pode significar “lei” no sentido jurídico, uma ordem ou proibição. Porém, no contexto amplo significa “instrução.” Assim, quando Moisés expôs a “lei” para o povo, ele estava comunicando as “instruções” de Deus no sentido mais amplo da palavra. A implicação era que a “lei” de Deus é dinâmica e que se aplica a cada nova geração do povo de Deus.

 

3 - Deuteronômio e o Novo Testamento

 

Uma das características mais notáveis do livro de Deuteronômio é a frequência com que é citado em toda Bíblia. Dos cinco livros de Moisés, Deuteronômio é o mais citado pelos profetas do Velho Testamento e mencionado quase cem vezes no Novo Testamento.

Jesus usou versículos de Deuteronômio para livrar-se das tentações de Satanás (Dt 6:13,16; 8:30; Mt 4:1–11) e para explicar qual era o maior de todos os mandamentos da lei (Dt 6:5; Mt 22:36–38).

Paulo citou este livro nos seus escritos também (Rm. 10:6-9; Dt 20:12-14; Gl 2:10; Dt 21:23, 27:26).

No Novo Testamento os textos de Deuteronômio é citado cinquenta vezes.

 

4 – O Propósito e Estrutura do Livro

 

Alguns livros da Bíblia abrangem centenas ou até milhares de anos (como é o caso de Reis, Crônicas e Salmos), enquanto outros tratam de apenas semanas ou meses. O livro de Deuteronômio trata de um período de aproximadamente um mês no final da vida do líder escolhido por Deus para libertar Israel da escravidão e revelar ao povo Sua Lei.

Antes de morrer, Moisés fez uma última série de discursos nas planícies de Moabe, do lado oriental do rio Jordão. No final do livro é relatada a morte deste homem, abrindo espaço para Josué, seu sucessor, conduzir o povo na conquista da terra prometida.

O livro de Números registra os movimentos dos israelitas nos últimos meses da peregrinação, até chegar à Transjordânia. Antes de morrer, Moisés reforçou tudo que havia ensinado ao longo dos 40 anos, focando a importância da obediência constante do povo para tomar e manter posse da terra prometida a esses descendentes de Abraão.

Na leitura de Deuteronômio, percebemos facilmente a divisão do livro, principalmente nos discursos de Moisés.

·         Capítulos 1 a 4 - Apresentam um resumo histórico da jornada do povo desde o monte Sinai (Horebe), frisando as consequências da incredulidade e desobediência da geração que morreu no deserto, sem alcançar a terra prometida. Ao mesmo tempo, estes capítulos relembram os israelitas do poder de Deus em cuidar deles, dando-lhes vitórias contra adversários fortes que ocupavam as terras que eles atravessaram no final da jornada.

·         Capítulos 5 a 26 - Registram o segundo e maior dos discursos, que inclui a repetição dos Dez Mandamentos e de diversas outras leis já reveladas nos livros de Êxodo e Levítico. Sendo um livro focado na comunhão do povo com Deus na nova terra, dando ênfase nos princípios da santidade que servem de base para permanecer na presença do Senhor. É nesta mensagem que ele inclui uma das grandes profecias messiânicas (sobre o Cristo) do Antigo Testamento (Dt 18:15-19).

·         Capítulos 27 a 30 - Relatam o terceiro discurso no qual Moisés apresentou um contraste entre as bênçãos sobre os obedientes e as maldições sobre os desobedientes. As implicações dos ensinamentos deste profeta foram bem resumidas nas palavras desafiadoras: “Vê que proponho, hoje, a vida e o bem, a morte e o mal” (Dt 30:15). Quase 1.500 anos depois, Jesus ofereceu a mesma escolha nas suas pregações (Mt 7:13-14; 25:46)

·         Capítulos 31 a 34 - São os capítulos de transição de uma geração para a próxima. Josué foi nomeado por Deus como sucessor de Moisés, e este deu suas últimas orientações, por meio de dois cânticos ou salmos (Sl 90 e 91). O livro encerra com o relato da morte de Moisés poucas semanas antes da entrada dos israelitas na terra de Canaã.

 

Entre os muitos princípios importantes que Moisés ensinou na Transjordânia estão estes:

1.    Ninguém tem direito a modificar a palavra de Deus (Dt 4:2).

2.    Os pais devem transmitir a palavra de Deus aos seus filhos (Dt 6:6-7).

3.    Deus não revelou tudo que os homens gostariam de saber (Dt 29:29).

4.    É importante lembrar-se do passado e aprender as lições da história (Dt 9:7; 24:9,18; 32:7).

Moisés encerrou sua carreira olhando para o futuro para incentivar a fidelidade e a esperança do povo de Israel. Ele agia pela fé “porque contemplava o galardão” (Hb 11:26).

 

5 – As Bênçãos de Deuteronômio 28

 

Muitos leem Deuteronômio 28, e profetizam na vida de outros sobre as bênçãos decorrentes deste capítulo.  Virou até jargão citar o versículo dois “E todas estas bênçãos virão sobre ti e te alcançarão...”

As bênçãos de Deuteronômio 28, onde o Senhor promete a exaltação sobre as demais nações, a queda dos inimigos, a multiplicação nos celeiros, na dispensa, o cuidado com animais, abundância de bens, a chuva e o sol, no tempo certo, não é especificamente para a igreja, mas para Israel.

Outro versículo muito citado, desejado e decretado é o 13 do mesmo capítulo: “E o SENHOR te porá por cabeça, e não por cauda; e só estarás em cima, e não debaixo...”

Todavia, as bênçãos de Deuteronômio são condicionais, pois estabelece uma postura, existe uma exigência, decisão, atitudes a serem tomadas para o verdadeiro cumprimento dela na vida de Israel. No versículo 1 a condição é “SE” ouvires a voz de Deus e guardar os Seus mandamentos. Para receber as bênçãos, era necessário estar atento à voz de Deus e pronto a guardar os Seus mandamentos.

Quantas pessoas enroladas, desobedientes e sem compromissos estão fazendo campanhas, decretando e determinado às bênçãos de Deuteronômio em suas vidas? Além da aplicação do texto ser errada, a condição exigida é ignorada.

Ninguém recita ou lê a segunda parte de Deuteronômio 13 em diante. O castigo pela desobediência, em ignorar e não guardar os mandamentos. Se Israel não desse ouvidos à voz de Deus, seria maldita, a turbação, a perdição, a pestilência viria sobre eles. A chuva e a colheita cessariam, o gado e a terra seriam minguados. Os inimigos os venceriam, e ao invés das bênçãos, as maldições os alcançariam. Porque será que ninguém ensina sobre a desobediência e suas consequências nas campanhas? Quantas pessoas precisam fazer campanhas para serem mais íntegros, fiéis, cumpridores e não somente ouvintes? A valorização do “ter”, nestes dias de valores invertidos é mais importante do que o “ser”.

Mas a Bíblia continua a mesma, com suas palavras e ensinos infalíveis.

 

“Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. (Mt 6:33)

 

Quais coisas serão acrescentadas?

A partir do versículo 19, estas coisas são descritas como: O tesouro, a comida, a bebida, a vestimenta,

 

 “De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”.

 

O segredo para ser abençoado não é deixar a Bíblia aberta em Deuteronômio 28, não é fazer campanha de sete ou trinta dias, mas buscar o Reino.

E o que é o reino? Como buscar o reino e ser abençoado? O reino de Deus não é somente a dispensação do milênio no futuro, após a grande tribulação. O reino de Deus é toda a soberania e poder de Deus, contra a destruição do sistema mundano e do Diabo hoje.

O reino de Deus começa em nossos corações. "Se alguém me ama guardará a minha palavra, e meu pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada" (Jo 14.23).

Quando a trindade mora em nossos corações, obviamente passa a reinar em nossas vidas. É em função disso que o apóstolo Paulo escreve aos Gálatas dizendo: "E vivo não, mas eu, mas Cristo vive em mim..." (Gl 2.20). Cristo habita em nós e se torna o manancial de toda a nossa vida e o centro de todos os nossos pensamentos, palavras e ações.

Quer as bênçãos de Deus? Guarda a Sua Palavra.

Observe que está em concordância com Dt 20.1 que ordena a Israel ouvir a voz e guardar os seus mandamentos.

Os discípulos presenciaram a chegada do reino de Deus quando viram Jesus expulsar demônios e salvar almas como Ele havia dito. "Mas se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, é consequentemente chegado a vós o reino de Deus" (Mt 12.28). Eles viram Jesus livrar a humanidade das forças demoníacas, também receberam poder de curar as enfermidades e expulsar os demônios (Mc 1.34,39 35-15). O poder de Deus vai recuando o domínio de Satanás, e o Reino de Deus vai se implantando.

Se quisermos as bênçãos de Deus devemos pregar o evangelho e libertar as almas aprisionadas. Assim estaremos buscando o reino de Deus, e as demais coisas (tesouro, comida, bebida, vestimentas etc.) nos serão acrescentadas.

 

6 - Conclusão

 

O Pentateuco começa com o livro de Gênesis nos mostrando a origem do mundo, do homem, do pecado, e a promessa de restauração do homem em Cristo. Apresenta os patriarcas e a promessa da terra prometida. Passa por Êxodo nos mostrando a libertação do povo de Israel do Egito e a peregrinação no deserto, por Levíticos onde Deus instrui o povo a viver como nação livre e santa, por Números quando Deus pune o povo e prepara o exército para a conquista da terra chegando em Deuteronômio quando Deus precisa, através de Moisés, contar a nova geração tudo o que foi feito nos 40 anos de deserto, entregando-os a Josué, seu novo líder.

Apesar de serem cinco livros, o Pentateuco é considerado apenas um, contando o inicio da história de Israel (Gênesis), seu cativeiro e libertação (Êxodo), sua instituição como nação de Deus (Levíticos), sua rebeldia, pecado e punição (Números) e sua preparação na posse da terra prometida (Deuteronômio), dando início a todo o restante da história de Israel no decorrer da Bíblia.

Dentro de todos os ensinamentos do Pentateuco, vemos uma obra linda e divina a qual nos norteia através de vários exemplos de como o perfil do ser humano deve existir.

Temos um período onde Deus redige o que seria o nosso manual de instruções para mantermos a nossa vida de acordo com os princípios de Deus no momento em que são reveladas as Leis Divinas a Moisés.

Estudamos o Pentateuco porque são livros que servem como fundamento para o restante das Escrituras. As doutrinas da criação, pecado, redenção, aliança, eleição, e a lei moral de Deus são todas reveladas neles. Se não estudamos o Antigo Testamento nós não perderemos só a verdade vital, mas também não entenderemos a tela sobre a qual o Espírito Santo pinta Cristo no Novo Testamento.

Precisamos pregar o Pentateuco, porque nosso Senhor ensinou Seus discípulos que Ele é a totalidade e a substância desses livros (Lc 24:27, 44). Ele é a Palavra eterna que criou em Gênesis 1. Ele é a realidade da circuncisão dada a Abraão em Gênesis 17. Ele é o Senhor da Aliança no Monte Sinai em Êxodo 24. Ele é a rocha que deu água para beber em Êxodo 17 e do maná que foi providenciado enquanto Israel vagava no deserto em Êxodo 16.

À medida que pregamos a partir do Pentateuco, Deus é colocado no centro do palco como o principal ator em todas estas e outras histórias Bíblicas.

 

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