1º Livro do Pentateuco - Gênesis

Autor: Moisés
Data: Descreve o período entre 3976 a 1638 a.C.
Local: Foi escrito no deserto
Alvo: Povo de Israel
Palavra-Chave: Começo

“No princípio, criou Deus os céus e a terra”. (Gn, 1:1)

1 – Introdução:

Este é o primeiro livro do Antigo Testamento. A ordem em que aparece no cânon reflete sua importância como “a semente” de toda a teologia e toda a história que são desenvolvidas no Antigo e Novo testamento.
As histórias narradas ali explicam a origem do homem e do povo de Israel. É a história da humanidade e também a história da salvação.
O livro de Gênesis pode ser dividido em duas partes:

1 – História Primitiva:
·         Criação – Gn, 1 e 2
·         Queda – Gn, 3 a 5
·         Dilúvio – Gn, 6 a 9
·         Dispersão – Gn, 10 e 11

2 – História Patriarcal:
·         Abraão – Gn, 12 a 25
·         Isaque -  Gn, 21 ao 35
·         Jacó – Gn, 25 ao 50
·         José – Gn, 30 a 50

O livro de Gênesis tem o registro de vários começos, tanto da humanidade, quanto de hábitos e convenções que os homens desenvolveram que representam começos que incluem julgamentos, graça e sempre uma nova chance para recomeçar.
·         Gênesis 1 – Mundo e a raça humana
·         Gênesis 2 – Casamento
·         Gênesis 3 – Pecado
·         Gênesis 4 – Cidades e tecnologias (instrumentos, tendas, metal)
·         Gênesis, 6 a 9 - Dilúvio
·         Gênesis 10 e 11 – a diversidade das línguas
·         Gênesis 12 – Israel
·         Gênesis 19 – Destruição de Sodoma e Gomorra


2 – O Propósito de Gênesis

Toda doutrina bíblica tem seu fundamento no livro de Gênesis. Este livro é mencionado mais de duzentas vezes no Novo Testamento. Sem o livro de Gênesis seria impossível entendermos a Bíblia, pois em alguns aspectos, a Bíblia é estruturada como um romance complexo:
Como no primeiro capítulo de um romance, Gênesis abre a história e nos dá toda a base necessária de informação. De Êxodo até Judas os detalhes são expandidos e a história é contada. E o livro de Apocalipse, como no final de um romance, termina a história e liga todos os fatos que estavam em aberto. (Em muitos aspectos o livro de Apocalipse termina com um novo começo. Enquanto Gênesis começa com a criação dos céus e da terra, o livro do Apocalipse termina com um novo céu e uma nova terra).

Três coisas podem ser ditas a respeito de Gênesis como uma revelação de Deus:

A. É uma grande revelação - Gênesis revela o que o homem nunca poderia aprender por ele mesmo (Jó 38:1-6). Gênesis é o único livro da história da criação e dos primeiros dois mil e quatrocentos anos da existência humana. Retrata a origem do mundo até a chegada de Jacó e sua família ao Egito culminando em sua morte - ano 3976 a 1638 a.C. (Bíblia em Ordem Cronológica)

B. É parte de uma revelação progressiva - O restante da Bíblia completa o que Gênesis começa. Gênesis faz a primeira promessa da redenção (Gênesis 3:15), e termina com a aparente vitória do mal (Gênesis 50:25-26).  Nesta primeira promessa de Gênesis 3:15, temos as sementes de toda a história da redenção, já o restante da Bíblia é  uma exposição deste versículo.

C. É uma revelação da história da salvação - Note que em Gênesis há somente dois capítulos descrevendo a história do universo, e nove capítulos relatando a história das nações. O livro é constantemente estreito em seu escopo. Trinta e nove capítulos tratam da história de Abraão, Isaque e Jacó, terminando com os filhos de Jacó no Egito. Estes foram os “Pais” das tribos de Israel, e foi no Egito que eles se tornaram uma grande nação. É claro que o livro de Gênesis nos conduz a pessoa de Cristo, pois esta não é apenas uma mera história da humanidade, mas retrata o plano de salvação de Deus na história.
3 - A Origem do Pecado
O PRIMEIRO PECADOR

O pecado teve origem nos anjos. Esta coisa repugnante, escorregadia, brilhante e sutil, que chamamos de pecado, foi tramada no dia em que Satanás desejou ser como Deus (Is 14:12-15; Ez 28:17-18; Lc 10:18 e Ap 12:7-8). Ele queria ser igual a Deus no governo, e a soberania foi a isca que ele ofereceu ao homem, a fim de fazê-lo voltar-se contra seu Criador. E ao pecar, o homem se tornou ferramenta e aliado de Satanás. A maioria das pessoas tem uma concepção infeliz e inadequada sobre o pecado. O pecado é uma coisa abominável, que Deus odeia. É mais do que um leve delito pelo qual Deus simplesmente chama a atenção do homem. É uma espécie de alta traição contra o Todo-Poderoso e Trino Deus, e é punido por consignação com o lago de fogo.
É claro que a Bíblia afirma que o lago de fogo é a punição final de Satanás e seus anjos (Mt 25:41). Mas se admitirmos que a palavra anjo na Bíblia quer dizer ministradores ou servos (Ap 2:1), podemos entender que todo aquele que faz a vontade do Diabo se torna seu servo (1 Jo 3:8), logo, o lago de fogo também é para ele.

A ORIGEM DO PECADO NA RAÇA HUMANA

O pecado derivou-se no primeiro homem: “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram”. (Rm 5:12)

A AUTORIDADE DE ADÃO

Adão foi o cabeça da raça humana. Esta autoridade tanto foi natural quanto também dada por Deus. Natural, através do princípio da geração (fulano gerou beltrano); e também dada por nomeação divina.

1. Adão foi o pai (ou cabeça) natural da raça humana. (Atos 17:26, 1 Coríntios 15:45). Cada pessoa estava na semente de Adão. Ele gerou filhos à sua própria semelhança física e moral, não antes, mas após a queda. Seus filhos se tornaram herdeiros de todos os males de seu corpo e sua alma. Eles herdaram sua depravação moral e fraqueza física. Sua natureza foi transmitida à sua posteridade.

2. Adão foi o cabeça designado por Deus da raça humana. Isto significa que Adão foi nomeado como a pessoa representativa. Ele representou a raça humana no pacto das obras. “Mas eles transgrediram a aliança, como Adão”. (Oséias 6:7). A autoridade dada por Deus explica porque o pecado de Adão foi imputado (debitado) à sua posteridade. “Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores”.  (Romanos 5: 19).
Adão estava agindo em nome de toda a raça humana e o que fez foi debitado a todos os seus descendentes. Esta é a única maneira de se explicar a morte de criancinhas, ou seja, a culpa é do pecado adâmico que subjuga toda humanidade (Romanos 5: 14). 
Pois se Adão não representasse as criancinhas no que diz respeito ao pecado, então Cristo não as representaria no que diz respeito à salvação. Se não eram culpadas com a culpa de Adão, também não poderiam ser justificadas com a justiça de Cristo. Os bebês vão para o céu, não porque são inocentes, mas porque a base é o sangue de Cristo. Se Cristo não tivesse morrido, a raça humana, os bebês e adultos, estariam condenados eternamente. Não haverá ninguém no céu que não tenha sido redimido pelo sangue de Cristo. 
Os bebês receberam a culpa de Adão sem saberem nem consentirem. Mas, com base na morte de Cristo por eles, o Espírito Santo redime-os da natureza (que é pecaminosa) para desfrutarem do céu.

O PRIMEIRO E ÚLTIMO ADÃO

Em 1 Coríntios 15:45 e 47 lemos que Jesus é chamado o segundo homem e o último Adão. Isto não tem nada a ver com existência, mas sim com representação.
Se O considerarmos individualmente, Ele não foi nem o segundo homem nem o último Adão. Individualmente houve muitos homens entre o Adão do Éden e o Adão do Calvário, e já existiram muitos homens desde  a translação de Jesus. Ele é chamado o último Adão porque só há dois homens representantes diante de Deus, pelos quais trata com toda a raça humana. Nosso destino depende em qual destes dois homens escolhemos nos posicionar diante de Deus. Os crentes são aceitos no Amado, Efésios 1:6, e são perfeitos Nele (Colossenses 2:10).
O PRIMEIRO ADÃO FOI EXONERADO

Quantos dos pecados de Adão foram debitados à sua posteridade?
Somente um, pois está escrito: “Porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação”. (Romanos 5: 16). Adão só podia transmitir o pecado à sua posteridade, enquanto fosse uma pessoa que representasse a raça humana. Imediatamente após seu primeiro pecado, ele foi exonerado do cargo e outra aliança foi feita. Logo, assim como por meio da desobediência de um só homem muitos foram feitos pecadores, assim também, por meio da obediência de um único homem muitos serão feitos justos”. (Romanos 5: 19)

4 – O Chamado de Abraão

O capítulo 12 inicia uma nova divisão no livro de Gênesis. Os primeiros onze capítulos costumam ser chamados de “história primitiva”. Os últimos capítulos são conhecidos como “a história dos patriarcas”. 
Enquanto o efeito do pecado do homem se tornou cada vez mais abrangente, o cumprimento da promessa de Deus de Gênesis 3:15 se tornou cada vez mais seletivo. 
O Redentor devia vir do descendente da mulher (Gênesis 3:15), depois dos descendentes de Sete, de Noé e então de Abraão (Gênesis 12:2-3).
Teologicamente, Gênesis capítulo 12 é uma das passagens-chave do Antigo Testamento, pois contém aquilo que é chamado de a Aliança Abraâmica. Esta aliança é a linha que une todo o Antigo Testamento. Ela é crucial para o entendimento correto das profecias da Bíblia.

5 - As Circunstâncias Envolvidas no Chamado de Abrão (Josué 24:2-3, Atos 7:2-5)
Moisés não nos dá todas as informações necessárias para compreendermos totalmente a importância do chamado de Abrão, mas isso está registrado na Bíblia para nós. 
Estêvão esclarece a época em que Abrão recebeu o primeiro chamado de Deus. Não foi em Harã, como uma leitura casual de Gênesis pode nos levar a crer, mas em Ur. Quando Estêvão estava diante de seus incrédulos irmãos judeus, ele recontou a história do povo escolhido de Deus, começando pelo chamado de Abraão:

A isso ele respondeu: "Irmãos e pais, ouçam-me! O Deus glorioso apareceu a Abraão, nosso pai, estando ele ainda na Mesopotâmia, antes de morar em Harã, e lhe disse: ‘Saia da sua terra e do meio dos seus parentes e vá para a terra que eu lhe mostrarei’. (Atos 7:2-3)

Tudo indica que ele tenha deixado uma grande cidade, abandonando tudo para obedecer a um chamado de um Deus desconhecido, indo para um lugar do qual nada sabia e nenhuma garantia havia. Josué, 24 2 – nos revela que o pai de Abraão, Terá, era um homem idólatra, e certamente foi por este motivo que Deus o mandou sair de sua terra e do meio da sua parentela.

"Naquele mesmo dia, fez o Senhor aliança com Abrão, dizendo: À tua descendência dei esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates... (Gênesis 15: 18)

A terra não pertenceu a Abraão em vida, conforme Deus tinha dito (15: 13 -16). Quando Sara morreu, ele teve de comprar um pedaço de terra para sua sepultura (23:3)
A segunda promessa da aliança Abraâmica era que uma grande nação viria de Abraão.
Ainda se passariam muitos anos até Abraão entender totalmente que o herdeiro prometido por Deus viria de sua união com Sara.
A última promessa era a da bênção — bênção para ele e bênção por meio dele. Muitas das bênçãos de Abrão viriam na forma da sua descendência, mas havia também a bênção que viria na forma do Messias, O qual traria salvação para o povo de Deus. A respeito dessa esperança, nosso Senhor, o Messias, disse: 

Abraão, vosso pai, alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se” (João 8: 56). 

Além disso, Abrão estava destinado a se tornar bênção para pessoas de todas as nações. A bênção viria por meio dele de várias formas. Quem reconhecesse a mão de Deus sobre ele e seus descendentes seriam abençoados pelo contato com eles. Faraó, por exemplo, foi abençoado por exaltar José. Pessoas de todas as nações seriam abençoadas pelas Escrituras que, em grande parte, vieram pela instrumentalidade do povo judeu. Finalmente, o mundo todo seria abençoado pela vinda do Messias, o qual veio salvar pessoas de todas as nações, não só os judeus: Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados todos os povos. De modo que os da fé são abençoados com o crente Abraão.
"Portanto, vocês devem saber que os verdadeiros descendentes de Abraão são os que têm fé. Antes que isso acontecesse, as Escrituras viram que Deus ia aceitar os não judeus por meio da fé. Por isso, antes de chegar o tempo, elas anunciaram a boa notícia a Abraão, dizendo: “Por meio de você, Deus abençoará todos os povos.” Abraão creu e foi abençoado; portanto, todos os que creem são abençoados como ele foi". (Gl, 3:7-9)

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